"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 16 de novembro de 2013

EM ATO COM DILMA, PCdoB CRITICA PRISÃO DA GANGUE DE LULA: "LEMBRA INQUISIÇÃO"

 



Em ato político que marcou o encerramento do seu 13º Congresso, o PCdoB solidarizou-se na noite passada com os mensaleiros presos nesta sexta-feira (15), Dia da República. Observado por Dilma Rousseff, convidada de honra, o presidente do partido, Renato Rabelo, disse que “a grande mídia tenta criar um clima de regozijo que lembra a idade média, quando condenados em ritos da inquisição eram lançados à fogueira.”
 
Rabelo disse que “o PCdoB não vê motivo para festa e nem julga que a justiça esteja sendo feita.” O discurso incendiou a plateia, que se levantou e entoou o jingle das campanhas de Lula: “Olêêê, olêêê, olêêê, olááá… Lulaaa, Lulaaa…” A propósito, Lula foi a grande ausência da noite. Ele confirmara presença. Mas, na última hora, preferiu não dar as caras. Passa o final de semana no seu sítio, no interior de São Paulo, de onde assistiu, pela tevê, à chegada dos petistas José Dirceu e José Genoino à sede da superintendência paulista da Polícia Federal.
 
O evento do PCdoB ocorreu em São Paulo. Dilma manuseou o microfone por mais de uma hora. Absteve-se de comentar as prisões. A exemplo de Lula, que na véspera também se esquivara do tema —“Quem sou eu para fazer qualquer julgamento ou insinuação sobre a Suprema Corte?”—, a presidente insinua, com seu silêncio, um desejo de virar a página. Limitou-se a enaltecer a legenda anfitriã, aliada de todas as horas: “O PCdoB, é bom que se diga, foi o único partido, além do PT, que esteve ao lado do presidente Lula em todas as eleições, desde 1989.”
 
De resto, Dilma realçou iniciativas de suas administração —o  programa Mais Médicos e o leilão do campo petrolífero de Libra, por exemplo— e espinafrou o rival tucano Aécio Neves. Ironizou-o por tentar dissociar-se de economistas ligados ao PSDB. O jornal Valor Econômico veiculara durante a semana notícia com opiniões de Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Elena Landau.
 
Os personagens defenderam providências como a revisão do modelo de desonerações tributárias, a retomada vigorosa das privatizações e ajustes na forma de cálculo do salário mínimo. Ouvido, Aécio declarou que se aconselha com muita gente, mas não possui porta-vozes. E Dilma: “Mantivemos uma política de valorização do salário mínimo que nossos adversários sonham reduzir a pó. E não podemos deixar de perceber que, muitas vezes, as manifestações das assessorias representam a compreensão final dos responsáveis, que não assumem suas posições.”
 
O ato do PCdoB foi impregnado de paradoxos. Compunham a mesa, ao lado do prsidente do PT, Rui Falcão, e do prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, hoje representante do PCdoB na Câmara Municipal paulistana, e a ex-vice prefeita de São Paulo Alda Marco Antônio (PSD).
 
Orlando foi varrido da Esplanada dos Ministérios na pseudofaxina que Dilma promoveu em 2011. Deixou Brasília engolfado por um escândalo de desvio de verbas federais por meio de convênios com ONGs. Alda era a número 2 da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, um antecessor sobre quem Haddad disse cobras e lagartos na semana passada.
 
Em meio às revelações sobre a máfia de fiscais que se apropriou de R$ 500 milhões em tributos municipais, Haddad disse o seguinte sobre a gestão de Kassab: “A situação era a pior possível do ponto de vista ético. Havia uma degradação.” Adepto do socialismo de resultados, o PCdoB integrou a administração Kassab e participa também do governo de Haddad. Dilma, a propósito, participará na quarta-feira da reunião da Executiva do PSD. Receberá o apoio da legenda à sua reeleição.

16 de novembro de 2013
Josias de Souza - UOL

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