Agora não há mais dúvida: a justiça brasileira é um ponto fora da curva formada pelas instituições correspondentes das democracias balizadas pelo estado de direito, mundo afora.
Discriminadora a ponto de punir relativamente menores crimes praticados por gente do povo mas incapaz de prender poderosos que usaram vultosos recursos desse mesmo povo para corromper políticos, em nome da consolidação no poder de um partido político. Paquidérmica, pois consumiu sete anos de energia e de tempo presumivelmente precioso da suprema Corte que, após condenar os criminosos, viu aceitos recursos duvidosos visando a postergar por não se sabe quanto tempo, a conclusão do processo, alimentando com generoso combustível a sensação de impunidade que vem envergonhando o país.
Ostensivamente politizada como o demonstra o fato de quatro juízes recentemente nomeados pelo executivo e complacentemente sabatinados pelo Congresso obediente, não participantes dos embates que resultaram nas respectivas condenações, apresentarem votos decisivos, com base em dispositivos repentinamente ressuscitados e com legitimidade questionada, responsáveis pela eternização do processo e pela sobrevida em liberdade dos mandarins da corrupção pertencentes ao partido do governo.
Surpreendente, pois o até agora respeitável Ministro decano, encarregado de estabelecer o desempate que finalizaria o julgamento, após manifestar-se no curso normal da ação, pela condenação, antes dos infringentes entrarem em cena, muda seu posicionamento e eterniza a pendenga, desalentando e minando a confiança da população no complexo jurídico do país.
É realmente lamentável que tenhamos que assistir a este espetáculo do qual não se sabe se possui toques de burlesco ou de tragédia escatológica e que se desdobra diante do público, atônito.
Pobre país! Seu rumo a partir de 18/09/2013 o torna instrumento ainda mais poderoso das forças que já há dez estão articulando solertemente o maior ataque à democracia dos últimos tempos, contando com a passividade e inércia da sociedade.
21 de setembro de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
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