"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de maio de 2018

EXECUÇÃO DE PRESOS POLÍTICOS NO BRASIL FOI UMA POLÍTICA ADOTADA A PEDIDO DOS EUA

Resultado de imagem para execução de opositores
Documento enviado pelo ex-diretor do CIA William Colby ao Secretário de Estado Henry Kissinger, no governo de Richard Nixon, revela que a ditadura político-militar brasileira autorizou a execução de subversivos perigosos presos pelos órgãos de repressão. 

Reportagem de Juliana Dal Piva e Daniel Salgado, O Globo de ontem, destaca a descoberta desse documento pelo pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Matias Spector, ao buscar informações a respeito dos governos militares brasileiro. Cento e quatro presos foram executados somente no governo Médici.
No encontro com o presidente Ernesto Geisel, William Colby comentou o assunto e segundo ele, Geisel autorizou o prosseguimento de tal política em relação a subversivos perigosos. 
O encontro ocorreu em 1974, na presença dos generais Milton Tavares de Souza, Confúcio Dantas de Paula Avelino e João Figueiredo, que acabara de assumir a chefia do SNI (Serviço Nacional de Informações) e que, cinco anos depois sucederia Geisel no Planalto.
VINCULAÇÃO – A pesquisa realizada por Spector acentua em cores fortes a estreita vinculação entre o governo Richard Nixon e os governos Medici e Geisel. 
Isso porque Kissinger foi secretário de Estado de Nixon, presidente dos Estados Unidos eleito em 68 e reeleito em 72. Em 74, renunciou no desfecho do processo de Watergate, sendo substituído por Gerald Ford, que confirmou Kissinger na Secretaria de Estado.
Em 76, Jimmy Carter ganhou as eleições para a Casa Branca. A partir daí começou a distensão brasileira porque ao longo de sua campanha Carter condenara a ditadura militar e a prática de tortura a presos políticos no Brasil e no Chile. 
A radicalização começava a ser superada pelos fatos. Isso ficou claro no caso brasileiro.
GOLPE DE 64 A vinculação entre os governos de Washington e Brasília fora iniciada em 64, no episódio que culminou com a derrubada do governo João Goulart. 
O presidente dos Estados Unidos era Lyndon Johnson, que o destino fez com que, doze anos, depois o jornalista Marcos Sá Correa encontrasse numa biblioteca do Texas que leva o nome daquele presidente alguns documentos comprovando a participação americana na ruptura brasileira.
Marcos Sá Correa publicou reportagens no antigo Jornal do Brasil destacando o assunto. Os documentos em que se baseou encontravam-se à disposição de quem os procurasse na Biblioteca Lyndon Johnson.
POLÍTICA OFICIAL – Assim, o memorando de William Colby a Henry Kissinger assinala historicamente a sequência de uma política de internacionalização comandada pela Casa Branca nos países na América do Sul, entre os quais Brasil e Chile. Pode-se iluminar mais um vértice, abrangendo a Argentina na esfera chamada de Operação Condor. Mas esta é outra questão.
A importância maior da descoberta do pesquisador Matias Spector é o caráter revelador do que se pode chamar de prestação de contas do governo brasileiro aos Estados Unidos. Basta ler o memorando de Colby relatando a Kissinger a concordância do Presidente Geisel com a execução de presos políticos. O encontro entre Colby e Geisel foi em Brasília em março de 74. Nesse encontro, Geisel pediu dois dias para responder a colocação de Colby.
Depois do dilema de concordar ou discordar, segundo Colby, Geisel concordou, mas fez a ressalva : só no caso de subversivos perigosos e, mesmo assim, somente no caso de as execuções serem aprovadas por João Figueiredo.
PENA DE MORTE – De qualquer forma, Medici e Geisel adotaram a pena de morte no Brasil. Esta política só deixou de prevalecer a partir da eleição de Carter para presidência da República.
E a submissão do governo brasileiro à orientação e vontade da Casa Branca passa a ter, com Spector, um ponto de destaque negativo na História do Brasil.

12 de maio de 2018
Pedro do Coutto

Nenhum comentário:

Postar um comentário