O título deste artigo é inspirado na peça famosa de Oscar Wilde, que na língua inglesa joga com uma homofonia entre “Ernest”, nome do personagem principal, e a palavra “honest”. Dito isto, foi muito boa a reportagem de Fábio Murakawa, Lucas Marchesini e Fernando Exman, edição de ontem do Valor, com base em pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria sobre as intenções de voto, hoje, relativas a sucessão presidencial de outubro.
O resultado ético e moral é arrasador: 87% condenam a corrupção e o fato de os candidatos, geralmente, dizerem uma coisa em suas campanhas e fazerem outras quando eleitos, principalmente para os cargos executivos.
BÚSSOLA ELEITORAL – O levantamento do Ibope vai funcionar como uma espécie de bússola, influenciando o comportamento dos que se candidatam. Para 88%, é também essencial o conhecimento dos problemas do país. E para 71% é necessário que apresentem propostas concretas para resolver os múltiplos problemas sociais com que o Brasil se defronta.
O fato de 44% não manifestarem entusiasmo pelas urnas de outubro, a meu ver, o dado não é tão importante. Isso porque, no decorrer da campanha e à medida que as urnas foram se tornando mais visíveis, o índice de 44% cairá sensivelmente. É sempre assim.
Mas de qualquer forma é natural a resposta em março e a medida que à campanha for se desenvolvendo as taxas de apatia tendem a cair. É sempre assim, embora haja um vazio muito grande a ser preenchido.
SEM EMOCIONAR – Até o momento nenhum candidato entusiasmou o eleitorado. Nenhum candidato é um exagero. Porque, sem dúvida alguma, Jair Bolsonaro reacendeu a extrema-direita, uma força muito presente nos destinos nacionais. O integralismo marcou sua presença trágica de forma bem mais ampla que o comunismo. Basta comparar as intentonas de 35 e 38. Em 35 ficou restrita ao levante da Praia Vermelha. Em 38 os integralistas que compunham um braço do Nazismo no país tentaram invadir o Palácio Guanabara. Getúlio Vargas, ditador desde 37 esteve com a vida por um fio. Mas esta é outra questão.
O fato é que, para que os candidatos possam desenvolver suas campanhas, vai se tornar imprescindível que assumam uma posição veemente, pelo menos na forma, contra a corrupção. Pois a corrupção, sem dúvida alguma, devora os recursos financeiros da administração pública, em todos os escalões e em todos os assaltos praticados, no final das contas, age contra a população brasileira.
E que ninguém se iluda: para que pagassem as montanhas de dinheiro em comissões a um grande elenco de corruptos, as empresas aumentavam os preços dos contratos que mantinham com os poderes públicos. Quer dizer, todos nós pagamos o pato provocado pelo maremoto da ilegalidade.
AMOROSO LIMA – Claro, como certa vez definiu o pensador cristão Alceu Amoroso Lima, o candidato ideal não existe. Entretanto, há diferenças entre todos aqueles que tentam arrebatar nossos votos. Portanto, há necessidade de não deixarmos nos iludir, se isso for possível.
A ressalva é para estabelecer a diferença entre a vontade de reconstruir o país e a vontade de deixá-lo desabar ainda mais, no processo que se acelerou a partir de 2003 e que não foi interrompido até os dias de hoje. Faltam 7 meses para as urnas de outubro.
15 de março de 2018
Pedro do Coutto
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