Na tarde de ontem, terça-feira (dia 13), a repórter Andréia Sadi anunciou pela GloboNews que a Polícia Federal estivera no Palácio do Planalto para apreender e-mails trocados entre Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, e dirigentes da Rodrimar, uma das empresas concessionárias do Porto de Santos. A Polícia Federal, ao chegar ao Palácio do Planalto, é claro, criou constrangimento enorme no núcleo principal do governo. O presidente Temer admitiu até a hipótese de ir a televisão e fazer um pronunciamento público. Escrevo este artigo no final da tarde de ontem e ao anoitecer essa versão não se confirmou.
Mas o abalo causado ao governo, como é natural, foi enorme. Afinal de contas, a PF realizou uma busca e apreensão nos computadores principais de Brasília.
QUEBRA DE SIGILO – Some-se a isso o despacho do Ministro Luis Roberto Barroso quebrando o sigilo bancário de Michel Temer. Como se não bastasse, o mesmo Barroso alterou o decreto de Michel Temer que concedia indulto de Natal a acusados de corrupção. Reportagem de Carolina Brígido, em O Globo, destacou acentuadamente o episódio, no qual Luís Roberto Barroso afirmou o seguinte: “Carece de legitimidade ato que estabelece regras que favorecem criminosos de colarinho branco. O Decreto reforça a cultura da leniência e impunidade.”
São três fatos praticamente em cadeia que enfraquecem ainda mais um governo que se perdeu a si mesmo e implodiu num mar de contradições.
O HOMEM DA MALA – O caso Rodrigo Rocha Loures, por exemplo, revela de forma indireta uma situação de calamidade e desgoverno. Não é cabível que tenha agido por si ao receber a mala de dinheiro na noite paulista. Afinal de contas, o mesmo Rocha Loures tomou a iniciativa de devolver uma parte do conteúdo a Superintendência da Polícia Federal. E a parte restante, como é do conhecimento geral depositou, em nome do governo numa Agência da Caixa Econômica. Como poderá ele explicar logicamente o episódio?
INVIABILIZAÇÃO – Estamos a 7 meses das urnas de outubro e os episódios desta semana inviabilizam totalmente uma possível candidatura de Michel Temer à reeleição. Inviabilizam também, paralelamente, o candidato que se apresentar como nome escolhido pelo Palácio do Planalto. Neste caso, pode-se incluir desde já o ministro Henrique Meirelles.
Isso de um lado. De outro, para comprovar a sensação de desânimo que atinge o eleitorado, foi divulgada nesta terça-feira uma pesquisa do Ibope, feita por encomenda da Confederação Nacional da Indústria, revelando que 44% não demonstram entusiasmo com a disputa eleitoral deste ano e apenas 20% estão otimistas.
CAMPANHA – É claro que essa sensação vai mudar para melhor, no desenrolar da campanha. Porém, de qualquer forma, os números servem para mostrar a rejeição dos eleitores e eleitoras à atuação do governo. No caso do Rio de Janeiro, então, nem se fala, porque além do desastre federal, há o desastre tremendo do governo Luiz Fernando Pezão. A segurança pública transformou-se numa catástrofe que conduziu a uma intervenção federal. A saúde é uma calamidade. A educação está falida.
Assim os Palácios do Planalto e da Guanabara sintetizam, ao mesmo tempo, a reação das ruas em relação às urnas. Levaram a população brasileira a desacreditar tanto no presente quanto no futuro. O passado recente é um desastre absoluto.
15 de março de 2018
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário