"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 27 de janeiro de 2018

HÁ MUITAS PERDAS, INCLUSIVE DE ESPERANÇA


Charge reproduzida do Arquivo Google
No dia 11 de março de 2011, o Japão sofreu um terremoto de nove graus na escala Richter. Seguiu-se um tsunami com ondas de dez metros, devastando a costa nordeste do país. Na província de Fukushima, a água invadiu uma usina nuclear, destruiu a geração de energia e impediu o resfriamento do combustível. Com o calor, três reatores explodiram, uma nuvem de poeira radioativa se espalhou e a água contaminada vazou para o Pacífico. Por milagre, ninguém morreu, mas centenas de milhares de pessoas fugiram deixando tudo para trás.
Essas pessoas foram levadas para longe e, agora, quase sete anos depois, o governo japonês garante que está tudo bem e tenta convencê-las a voltar para casa. Mas como voltar para um lugar onde respirar pode significar a morte? E, ao ver que o Japão continua participando da construção de usinas nucleares em outros países, temem que isso indique o que os governantes realmente pensam delas. Melhor dar sua cidade como perdida.
SUBMARINO – O mesmo quanto aos familiares dos 44 tripulantes do submarino argentino que desapareceu em novembro de 2017, no extremo sul do país. As autoridades continuam a “procurar” a embarcação, o que mantém centenas de famílias em agonia e incerteza, do que se aproveitam os “videntes” para lhes vender esperança.
Esperança esta de que já começam a desistir os pais, irmãos e amigos dos 242 mortos e 636 feridos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, RS, no dia 27 de janeiro de 2013 – esperança não de que tudo tenha sido só um indescritível pesadelo coletivo, mas de que os responsáveis pela tragédia respondam por ela.
Ninguém foi punido até hoje e o crime pode prescrever em três anos. E, graças aos vetos do presidente Temer, uma nova lei federal a respeito, aprovada pela Câmara dos Deputados, já protege os responsáveis pelos incêndios futuros.

27 de janeiro de 2018
Ruy Castro
Folha 

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