No dia 11 de março de 2011, o Japão sofreu um terremoto de nove graus na escala Richter. Seguiu-se um tsunami com ondas de dez metros, devastando a costa nordeste do país. Na província de Fukushima, a água invadiu uma usina nuclear, destruiu a geração de energia e impediu o resfriamento do combustível. Com o calor, três reatores explodiram, uma nuvem de poeira radioativa se espalhou e a água contaminada vazou para o Pacífico. Por milagre, ninguém morreu, mas centenas de milhares de pessoas fugiram deixando tudo para trás.
Essas pessoas foram levadas para longe e, agora, quase sete anos depois, o governo japonês garante que está tudo bem e tenta convencê-las a voltar para casa. Mas como voltar para um lugar onde respirar pode significar a morte? E, ao ver que o Japão continua participando da construção de usinas nucleares em outros países, temem que isso indique o que os governantes realmente pensam delas. Melhor dar sua cidade como perdida.
SUBMARINO – O mesmo quanto aos familiares dos 44 tripulantes do submarino argentino que desapareceu em novembro de 2017, no extremo sul do país. As autoridades continuam a “procurar” a embarcação, o que mantém centenas de famílias em agonia e incerteza, do que se aproveitam os “videntes” para lhes vender esperança.
Esperança esta de que já começam a desistir os pais, irmãos e amigos dos 242 mortos e 636 feridos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, RS, no dia 27 de janeiro de 2013 – esperança não de que tudo tenha sido só um indescritível pesadelo coletivo, mas de que os responsáveis pela tragédia respondam por ela.
Ninguém foi punido até hoje e o crime pode prescrever em três anos. E, graças aos vetos do presidente Temer, uma nova lei federal a respeito, aprovada pela Câmara dos Deputados, já protege os responsáveis pelos incêndios futuros.
27 de janeiro de 2018
Ruy Castro
Folha
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