Donald Trump não gosta de passar despercebido. Muito menos quando o mundo inteiro está olhando. Em seu primeiro discurso numa Assembleia Geral da ONU, ele apostou na retórica agressiva para dominar todas as manchetes. Numa entidade criada para promover a paz e mediar conflitos, o presidente dos EUA adotou o tom de senhor da guerra. Ele atacou uma série de países que considera inimigos de Washington e ameaçou “destruir totalmente” a Coreia do Norte.
Trump acusou Kim Jong-un de comandar um “regime depravado” e acusou o ditador de estar numa “missão suicida”. Pode ser tudo verdade, mas a diplomacia oferece formas menos arriscadas de lidar com um tirano com mísseis atômicos.
PROVOCAÇÃO – Ele reforçou a atitude de provocação chamando o norte-coreano de “Rocket Man” (“Homem do Foguete”), um apelido que cunhou no fim de semana pelo Twitter.
O bilionário também direcionou a metralhadora verbal para o Irã. Ele chamou o país de “ditadura corrupta” e voltou a torpedear as negociações conduzidas por Barack Obama. Disse que o acordo para frear a corrida armamentista do país é um “motivo de constrangimento”.
Em seguida, Trump mudou de alvo e descreveu a Síria como um “regime assassino”. Depois, fez ameaças à Venezuela e a Cuba, com quem Obama também negociou uma reaproximação histórica.
EIXO DO MAL – O presidente resumiu sua visão das relações internacionais com uma fórmula que lembra o “eixo do mal” do antecessor George W. Bush. “Se os muitos justos não enfrentarem os poucos perversos, o mal vai triunfar”, afirmou.
O maior alvo do discurso de Trump parece ser o próprio eleitorado, que vibra com suas bravatas. O problema é que uma ameaça no púlpito da ONU pode ter consequências mais sérias do que um discurso populista de campanha. Ainda mais quando o falastrão controla o maior arsenal nuclear do planeta.
21 de setembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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