A poucas horas de ter seu futuro definido pela votação desta quarta-feira (2) na Câmara, o presidente Michel Temer fez nesta terça-feira (1) uma espécie de “varejão” com deputados que anunciaram voto favorável à admissibilidade da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) ou que ainda se declaravam indecisos. Durante todo o dia, o presidente recebeu parlamentares em seu gabinete no Palácio do Planalto.
A reportagem de O Tempo conseguiu ter acesso à antessala onde fica o gabinete presidencial e acompanhou a via sacra de deputados, além de integrantes do núcleo duro do governo, como o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
OTIMISTA E SERENO – Em entrevista exclusiva, o ministro afirmou que Temer estava “otimista, animado, muito tranquilo e sereno” acreditando que vai se livrar da denúncia por corrupção passiva apresentada pela PGR com base nas delações da JBS. O pedido será votado nesta quarta-feira (2), e Temer precisa do voto de pelo menos 172 dos 513 deputados para barrar a denúncia.
Após o périplo em seu gabinete pela manhã, Temer participou de um evento no Palácio do Planalto e afirmou, em coletiva de imprensa, que “quem tem que votar são os que querem destruir aquilo que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) decidiu. A CCJ já decidiu que não há autorização. Agora, é o plenário”, disse. Como se sabe a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o relatório substitutivo do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pelo arquivamento da denúncia.
Segundo o ministro Dyogo Oliveira, Temer tenta convencer os indecisos citando a melhora nos índices da economia. “O principal argumento é o do resultado. As taxas de juros estão caindo, a inflação já caiu. O governo está controlando as contas públicas. O desemprego já começou a cair. Então, o governo está usando o argumento da continuidade de um trabalho que está dando certo”, afirmou.
AGENDA MOVIMENTADA – No período de uma hora em que a reportagem esteve à porta do gabinete do presidente, mais de 30 parlamentares foram vistos no Palácio do Planalto – todos com agendas marcadas com Temer. De uma só vez, o presidente recebeu dez deputados da bancada do Maranhão. Oficialmente, a pauta eram repasses do governo federal para a educação no Estado, mas o coordenador da bancada maranhense, Hildo Rocha (PMDB), confirmou que vai votar contra a admissibilidade da denúncia, portanto, a favor do presidente.
“Posso dizer por mim. Eu voto a favor do relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), até porque já votei na CCJ. Votarei novamente por entender que não há nenhuma prova de que houve um atentado ao Código Penal e ao artigo 317, que trata sobre corrupção passiva”, explicou o parlamentar maranhense, ressaltando que não há provas contra o presidente.
INSUCESSO – Mas nem tudo foram flores para Temer no varejão desta terça-feira (dia 1º) com os deputados federais. O mineiro Laudívio Carvalho (SD) foi convocado pessoalmente para uma reunião com o presidente. Em entrevista à rádio Super Notícia FM, o parlamentar já havia afirmado que vai votar pela admissibilidade da denúncia por corrupção passiva, ou seja, contra Michel Temer.
O peemedebista tentou demovê-lo da ideia, mas não obteve sucesso. “Eu disse ao presidente aquilo que já havia dito na CCJ na última reunião. Eu sou pela admissibilidade da investigação. Não me importa o cargo ocupado por quem quer que seja. Se há uma denúncia, ela tem que ser devidamente investigada. E eu fiz isso olhando no olho do presidente. Ele compreendeu e respeitou”, disse o deputado.
SEM TROCA-TROCA – Laudívio negou que Temer tenha oferecido a liberação de emendas e cargos no governo federal em troca de voto favorável a ele. Logo após o deputado mineiro, Temer recebeu no gabinete presidencial o deputado Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade.
Todos os deputados que entravam no gabinete presidencial eram abordados por um agente federal, que recolhia os celulares e guardava na antessala. Do lado de dentro, um “misturador de voz” emite sons para prejudicar eventuais grampos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o genial escritor alemão Erich Maria Remarque, nada de novo no front. Já faz tempo que Temer não governa, somente se preocupa em fazer política rasteira para escapar impune. Na verdade, sua omissão tornou-se uma ausência que preenche uma lacuna. Sem ninguém para atrapalhar, a economia se descolou inteiramente da política. Nesta terça-feira a Bolsa subiu espantosos 0,90%, sem motivo algum, chegando o índice a 66.516 pontos, como se a economia não estivesse mais enfrentando uma grave crise. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o genial escritor alemão Erich Maria Remarque, nada de novo no front. Já faz tempo que Temer não governa, somente se preocupa em fazer política rasteira para escapar impune. Na verdade, sua omissão tornou-se uma ausência que preenche uma lacuna. Sem ninguém para atrapalhar, a economia se descolou inteiramente da política. Nesta terça-feira a Bolsa subiu espantosos 0,90%, sem motivo algum, chegando o índice a 66.516 pontos, como se a economia não estivesse mais enfrentando uma grave crise. (C.N.)
02 de agosto de 2017
Rodrigo Freitas
O Tempo
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