A gente sabe que não tá fácil. Violência, crise econômica e o Flamengo que não deslancha deixam nossos nervos à flor da pele.
Então, depois de muito refletir, elaborei um manual de como agir frente às questões da vida.
Regra número um: diante de qualquer questão sempre se pergunte "eu tenho algo a ver com isso?" Fim do manual.
Sei que à primeira vista parece complexo. Mas com exemplos fica mais fácil.
Situação 1: meu vizinho é gay e namora outro homem.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: eles seguem a vida deles, e eu a minha.
Situação 2: o hospital público do meu bairro está abandonado.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. Se o bem é público, é de todos.
Consequência: eu me junto a outras pessoas, incluindo meu vizinho gay e seu namorado, e vou cobrar do poder público que a situação melhore.
Situação 3: eu sou evangélico e tenho um vizinho que é do candomblé, religião de que eu não gosto.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: eu continuo com a minha religião e meu vizinho com a dele.
Situação 4: meu bairro está com assaltos frequentes.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. O Governo estadual tem obrigação de prover segurança à população.
Consequência: me junto a meu vizinho gay, seu namorado, e meu outro vizinho do candomblé, vamos até a delegacia do bairro e ao batalhão da PM responsáveis pela área e cobramos um plano de ação.
Situação 5: tenho uma vizinha que planta maconha e fuma.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: ela continua se arriscando com essa droga ilegal, e eu continuo saudável com meu cigarro e meu uísque legalizados.
Situação 6: não estou satisfeito com os representantes do meu Estado no Congresso Nacional.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. Sou eleitor e ajudei a colocá-los lá.
Consequência: estudo melhor quem são os candidatos, depois me uno a meu vizinho gay, seu namorado, meu outro vizinho do candomblé, e minha vizinha maconheira. Juntos tentamos votar com mais consciência.
A questão no fundo é que 90% dos problemas do mundo não existiriam se as pessoas entendessem que se meter na vida do outro não melhora a nossa vida.
02 de agosto de 2017
Marcius Melhem, Folha de SP
Então, depois de muito refletir, elaborei um manual de como agir frente às questões da vida.
Regra número um: diante de qualquer questão sempre se pergunte "eu tenho algo a ver com isso?" Fim do manual.
Sei que à primeira vista parece complexo. Mas com exemplos fica mais fácil.
Situação 1: meu vizinho é gay e namora outro homem.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: eles seguem a vida deles, e eu a minha.
Situação 2: o hospital público do meu bairro está abandonado.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. Se o bem é público, é de todos.
Consequência: eu me junto a outras pessoas, incluindo meu vizinho gay e seu namorado, e vou cobrar do poder público que a situação melhore.
Situação 3: eu sou evangélico e tenho um vizinho que é do candomblé, religião de que eu não gosto.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: eu continuo com a minha religião e meu vizinho com a dele.
Situação 4: meu bairro está com assaltos frequentes.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. O Governo estadual tem obrigação de prover segurança à população.
Consequência: me junto a meu vizinho gay, seu namorado, e meu outro vizinho do candomblé, vamos até a delegacia do bairro e ao batalhão da PM responsáveis pela área e cobramos um plano de ação.
Situação 5: tenho uma vizinha que planta maconha e fuma.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: não.
Consequência: ela continua se arriscando com essa droga ilegal, e eu continuo saudável com meu cigarro e meu uísque legalizados.
Situação 6: não estou satisfeito com os representantes do meu Estado no Congresso Nacional.
Pergunta: "eu tenho algo a ver com isso?"
Resposta: sim. Sou eleitor e ajudei a colocá-los lá.
Consequência: estudo melhor quem são os candidatos, depois me uno a meu vizinho gay, seu namorado, meu outro vizinho do candomblé, e minha vizinha maconheira. Juntos tentamos votar com mais consciência.
A questão no fundo é que 90% dos problemas do mundo não existiriam se as pessoas entendessem que se meter na vida do outro não melhora a nossa vida.
02 de agosto de 2017
Marcius Melhem, Folha de SP
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