Pesquisa do Ibope, divulgada na tarde desta segunda-feira pela Globonews, revela que 81% dos brasileiros são favoráveis a que o presidente Michel Temer seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob acusação de corrupção passiva, formulada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. A pesquisa acrescenta mais uma explosão nas articulações políticas que o Palácio do Planalto vem empreendendo para bloquear que o processo passe à esfera da Corte Suprema.
Sem dúvida alguma, a pesquisa do Ibope representa um obstáculo às ações do governo para encerrar a discussão do tema e, se possível, votar ainda nesta quarta-feira o desfecho da matéria, na tentativa de reduzir o desgaste do governo.
SEM QUORUM – A pesquisa do Ibope pode não ser suficiente para mudar os rumos do desfecho final, mas inegavelmente sua divulgação pode ter agradado à planície, mas desagradou profundamente o Planalto.
Acrescentou um fator a mais para o desempenho da oposição e dos favoráveis ao prosseguimento da denúncia no seu empenho de, pelo menos, adiar de forma indefinida a votação final da matéria.
Nem o governo nem a oposição, possuem os 342 votos para assegurar o fim desta etapa do debate. O Palácio do Planalto conta, como anunciam seus líderes, com cerca de 250 votos. O que significa que, se a oposição obstruir os trabalhos, não terá força o governo para decidir a matéria.
IMPASSE – Neste caso o impasse continua. Com agravante da pesquisa do Ibope, cujos números já traduzem em si a condenação moral do presidente da República, pelo seu ato de receber Joesley Batista no Palácio Jaburu. O controlador da JBS gravou a conversa. A população também. Esse desgaste cresceu muito nos últimos dias, sobretudo depois que a opinião pública brasileira tomou conhecimento das investidas governamentais à base da prática fisiológica de trocar votos na Câmara por verbas ou cargos no governo.
O Planalto tem agido assim, inclusive como afirmou o ministro Eliseu Padilha à Folha de São Paulo, dizendo que aqueles que indicaram representantes na administração pública, se não votarem a favor de Michel Temer, terão seus indicados exonerados.
São os que ocupam cargos de confiança e direção, inclusive nas empresas estatais. Com isso, Padilha deixou mais uma vez bastante claras as regras do jogo do Executivo em relação à Câmara dos deputados.
02 de agosto de 2017
Pedro do Coutto
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