André Fufuca viveu seu dia de glória. Livre do nervosismo da estreia, o presidente interino da Câmara passou a quarta-feira saboreando elogios dos colegas. Um clima festivo marcou o início da sessão no plenário. Nos microfones, os representantes do povo se revezaram para celebrar o jovem deputado.
“Quero registrar a satisfação de tê-lo na presidência desta Casa. É um orgulho para o Maranhão”, empolgou-se Júnior Marreca, do PEN.
“É uma honra para todos nós tê-lo”, reforçou a deputada Conceição Sampaio, do PP. “Será certamente uma grande experiência para Vossa Excelência e para todos nós aqui que o admiramos”, acrescentou.
IGUAL A PELÉ – O ex-ministro Orlando Silva, do PC do B, comparou o colega ao rei do futebol. “Quando vejo provocações com relação ao apelido de Vossa Excelência, lembro-me de grandes brasileiros como Edson Arantes do Nascimento, que é mundialmente conhecido por seu apelido: Pelé.”
Chico Lopes, também do PC do B, definiu Fufuca como “um jovem que se torna brilhante”. “A sociedade parece que gosta de ver o jovem é no crack, na marginalidade. Quando ele se destaca, no lugar de elogiar, faz é mangofa”, protestou.
MORALISTAS – As queixas foram endossadas por Mário Negromonte Júnior, do PP. Ele disse que o presidente interino da Câmara é vítima de “notícias negativas”, propagadas por “moralistas de plantão”. “Como jovem, quero dizer que nós não vamos permitir isso. A imprensa política precisa respeitar esta Casa”, esbravejou o deputado.
Alberto Fraga, do DEM, chamou os críticos do colega de “idiotas” e “imbecis”. “Eu acho que é falta de não ter o que fazer”, reclamou, num momento de humor involuntário.
Para quem vê a TV Câmara como “A Praça é Nossa”, foi uma sessão e tanto. No aspecto legislativo, Fufuca ficou devendo. Apesar dos elogios, o deputado não conseguiu pautar nenhum item da reforma política. A votação foi adiada mais uma vez — e semana que vem tem feriadão.
31 de agosto de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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