O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse nesta quarta-feira que Rodrigo Janot, que pede sua suspeição no caso do empresário de ônibus Jacob Barata Filho, é “um sindicalista” alçado ao cargo de procurador-geral da República, “um legado do petismo” cujo objetivo é fazer “patrulhamento da concessão de habeas corpus”. Em entrevista ao blog do Josias, no site UOL, Gilmar também acusou o Ministério Público de tentar “inibir o Supremo” e disse que a ele “não vão inibir”.
Gilmar Mendes voltou a dizer que não vê motivo para se declarar impedido no caso de Jacob Barata e considera normal ter recebido flores do empresário em função dos relacionamentos mantidos na vida pública, mas não por proximidade que o torne suspeito para julgar. “Se fosse adotado esse critério, ninguém poderia julgar ninguém. Você sabe como é a relação em Brasília” — disse.
DESCONHECIMENTO – O ministro também afirmou desconhecer, até ler no jornal, que um cunhado dele, irmão de Guiomar, sua esposa, é sócio de Jacob Barata.
“O pai da Guiomar teve 20 filhos — 11 com a mãe dela e nove com outra. Você já imaginou se eu tiver que sair perscrutando negócios de cunhados meus? Até a relação de parentes tem de ser delimitada” — declarou.
Em mais uma troca de farpas públicas com Janot, Gilmar questionou a capacidade técnica do procurador. “Qual é a especialidade do Janot? Você não sabe. É direito constitucional? Não. É direito penal? Não. O maior ponto do currículo dele é ter sido presidente da Associação dos Procuradores” — afirmou, concluindo com uma ironia: “Podiam ter entregue a Procuradoria-Geral ao Vicentinho [deputado federal do PT, ex-sindicalista da CUT]”.
EM BUCARESTE – O ministro afirmou que se manifestará no pedido de suspeição no caso de Jacob Barata assim que voltar de Bucareste, onde está em visita oficial, e que não se importa se o caso for ao plenário da Corte.
Gilmar reafirmou a posição de se mudar a jurisprudência do Supremo que hoje prevê prisão para condenados em segunda instância e disse que as movimentações do Ministério Público tem o real objetivo de “inibir o Supremo”. Ao estilo Gilmar, avisou:
“A mim não vão inibir coisa nenhuma. Você acha que vou deixar de adotar as minhas posições? Também não vão inibir a Segunda Turma, que tem liberado as pessoas. Mas toda vez que você toma uma posição dessas aparece alguma coisa. No dia em que íamos deliberar sobre José Dirceu, eles ofereceram uma nova denúncia contra ele. Esse tipo de prática é autoritária”, afirmou Gilmar.
31 de agosto de 2017
Deu em O Globo
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