"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

LULA NA TRAJETÓRIA DE PADRE CÍCERO?

A campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva já começou, e só a ratificação da sentença prisional por corrupção – por tribunal de segunda-instância - poderá retirá-lo da disputa de outubro do ano que vem.

Essa campanha, diga-se de passagem, está tendo lugar antes da data legal.

Estabelece a lei que a campanha eleitoral só poderá ter início em 16 de agosto de 2018, daqui a um ano, portanto. Mas, lei? O que significa a lei para quem acha que seu prestígio junto ao Vaticano e às massas oprimidas o tornam imune a ela?

Não que os resultados da procissão rodoviária de Lula estejam sendo extraordinários. Não estão. O povo vai para as ruas por curiosidade - ver o mito, nordestino como eles, o líder místico da política – ou arrebanhado pelos doadores de camisetas vermelhas, novas de estalar.

Nos comícios, principalmente nos da Paraíba e do Ceará, vozes começam a se levantar, fazendo comparações entre Lula e o santo padroeiro do Nordeste, o Padre Cícero.

Só falta a confirmação de um milagre para que passe a haver peregrinação anual das massas a Caetés.

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, do PSB, bem que tentou criar o ambiente milagreiro durante a passagem de Lula. É que atropelou o cronograma do fornecimento de água às torneiras de Campina Grande para fazê-lo coincidir com a chegada do ex-Presidente à cidade.

Padre Cícero foi idolatrado no Nordeste por conta de um milagre: a hóstia que deu em comunhão a uma freira teria se transformado em sangue na boca da religiosa.

Ajudou também a consolidar seu prestígio um sonho que teve com Jesus Cristo, que apontando para retirantes nordestinos ordenou a Ciço que tomasse conta deles. No seu trabalho pastoral agiu com austeridade, buscando moralizar os costumes, acabar com a mentira e as bebedeiras e ameaçando excomungar os ladrões e corruptos.

Se fosse para obter sua canonização, nesses itens Lula não passaria no exame da Cúria Romana, a não ser que cumprisse severa penitência.

Mas na política, se a trajetória de padre Cícero foi ascendente, num primeiro momento, acabou em desastre. Poucos sabem, o santo padroeiro foi filiado ao Partido Republicano Conservador, foi prefeito de Juazeiro e chegou a ser eleito deputado federal (mas não assumiu o cargo).

Foi um dos principais articuladores do chamado “Pacto dos Coronéis”, importante momento na história do coronelismo brasileiro (o que hoje nos traz à mente o recente encontro de Lula com Renan Calheiros). Foi eleito vice-governador do Ceará, mas politicamente chegou ao fim com a Revolução de 1930.


30 de abril de 2017
Pedro Luiz Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário