"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

CORONEL AMIGO DE TEMER SE ENVOLVEU EM "PROJETOS" QUE NÃO SAÍRAM DO PAPEL

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Esta é a sede da Argeplan, empresa do coronel Lima
A Argeplan, empresa de arquitetura e engenharia do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer, fechou contratos milionários com o Poder Público para a elaboração de projetos de obras que nunca foram concluídas, conforme mostrou reportagem do Fantástico deste domingo (dia 6). A empresa da qual coronel Lima é sócio ganhou uma licitação, em 2012, do Tribunal de Justiça de São Paulo. O contrato previa que a Argeplan prestaria serviços de arquitetura e engenharia e seria a responsável por fazer os projetos para a construção de 36 novos fóruns paulistas.
O valor inicial estabelecido em contrato para execução dos projetos era de aproximadamente R$ 94 milhões e, em 2013, ganhou um aditivo de mais R$ 57 milhões, totalizando o montante de R$ 151 milhões. Só que nenhuma das 36 construções foi levada adiante.
NO PAPEL – “As obras não saíram do papel e a população é quem sofre com o atendimento muito precário”, critica o presidente da Associação Paulista dos Técnicos Judiciários, Mário José Mariano. “Qual o interesse de gastar milhões em projetos e o projeto não sair do papel? Então, é um desperdício de dinheiro público”, completa.
A Argeplan até desenvolveu um projeto de como os prédios em questão ficariam quando prontos. O Tribunal de Justiça informou, no entanto, que “o contrato foi alterado e não se cogita mais a construção dos fóruns”.
De acordo com o TJ, a Argeplan realizou, ao todo, “635 serviços diversos e 1966 relatórios técnicos”. Por esses trabalhos, a empresa do homem de confiança de Temer recebeu mais de R$ 27 milhões.
EM ANGRA 3 – A empresa do coronel Lima está envolvida em outra obra, ainda mais grandiosa, que não chegou ao fim: a usina 3 de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A construção, que envolve tecnologia de ponta e já consumiu mais de R$ 5 bilhões, está parada desde 2015 por falta de dinheiro.
A licitação para elaborar o projeto de construção da usina nuclear foi vencida pela europeia AF Consult, mas o contrato de R$ 168 milhões previa que ela tinha a obrigação de atuar em parceria com uma empresa brasileira. A escolhida foi a Argeplan e, juntas, as duas criaram a AF Consult Brasil, com sede em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Os projetos para construção da usina em Angra até foram entregues pela AF Consult Brasil, mas o Tribunal de Contas da União reprovou os valores pagos. “Havia várias irregularidades nestes contratos, especialmente decorrentes de superfaturamento, pagamentos indevidos”, explica o procurador da República Lauro Coelho Junior.
A Eletrobras, responsável por Angra 3, informou que o contrato da AF Consult Brasil está suspenso desde 2016 e que ajuda nas investigações. A AF europeia, por sua vez, afirmou que, diante das acusações no Brasil, pediu explicações à Argeplan e aguarda uma posição. Já a assessoria de Temer disse que não comenta atividades privadas de empresas. O advogado do coronel Lima não quis se manifestar.
APÓS DELAÇÃO – Suspeitas contra o coronel Lima passaram a surgir em maio deste ano, com as delações da JBS. Ricardo Saud, um dos diretores da empresa, afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que, em 2014, Temer pediu R$ 1 milhão em propina. O presidente nega.
“O Temer me deu um papelzinho e falou: ‘Olha, Ricardo, tem um milhão que eu quero que você entregue em dinheiro nesse endereço aqui’”, contou Saud na delação premiada. Segundo o executivo, o endereço era da Argeplan, que tem o coronel como sócio-proprietário desde 2011. A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no local em maio.
Ainda de acordo com o delator, o dinheiro foi entregue no local, como solicitado. A quantia teria sido deixada no porta-malas de um carro estacionado no escritório da empresa a pedido do próprio coronel Lima.
INVESTIGAÇÕES – Tanto Temer quanto coronel Lima são investigados pela PGR após a delação da JBS. O suposto pagamento citado por Saud deve fazer parte da segunda denúncia contra o presidente. Na última quarta (2), a primeira, que envolvia o caso da mala de dinheiro recebida pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, foi rejeitada na Câmara.
A ligação entre Michel Temer e o coronel Lima é antiga. Nos anos 80, Temer foi secretário de Segurança Pública em São Paulo e o policial militar já era seu assessor. O coronel se formou em arquitetura em 1987 e, depois, se tornou um dos principais coordenadores de campanha do, hoje, presidente da República.

08 de agosto de 2017
Deu no G1
(Fantástico)

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