"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

CABRAL NEGA RECEBER PROPINA E É DESMENTIDO POR CAVENDISH, SEM EX-CONCUNHADO

O empresário Fernando Cavendish, dono da empresa Delta
Cavendish diz que Cabral cobrava 5% de propina
O empresário Fernando Cavendish afirmou nesta segunda-feira (7) que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) cobrou 5% de propina para que a Delta Construções participasse do consórcio de reforma do Maracanã. Ele prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas no processo que trata da Operação Saquador, que envolveu a geração de R$ 370 milhões de caixa dois da construtora entre 2007 e 2012.
Cavendish chegou a negociar delação premiada, mas sem sucesso. Ainda assim, em depoimento de uma hora e 40 minutos, confessou ter pago propina a Cabral, sem especificar o valor.
“Fui a ele [Cabral] conversar sobre a obra do Maracanã, para que minha empresa participasse do consórcio. O então governador entendeu meu pedido. Mas disse que tinha um acerto de 5% com a Andrade Gutierrez nesse projeto, e que seria necessário [pagar] esses 5% de propina”, declarou o empresário.
PAGOU EM DINHEIRO – Ele declarou que a propina foi paga em dinheiro até que a empresa saísse do consórcio em 2012, após a Delta entrar em crise, em razão da CPI do Cachoeira. A reforma foi concluída em 2014.
Cavendish negou que os recursos tenham sido pagos como caixa dois de campanha eleitoral. Cabral tem dito que não recebeu propina, mas sim se apropriou de sobras de contribuições eleitorais ilegais.
Executivos da Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia também relataram que o peemedebista solicitou o percentual sobre as grandes obras.
NEM HAVIA CAMPANHA – “No meu caso não foi para campanha. Nem tinha campanha em 2011. Foi pelas obras”, disse o empresário. Sua empreiteira, a Delta, conseguiu 30% de participação no consórcio, que executou a reforma por cerca de R$ 1 bilhão no total.
Cavendish, contudo, não quis responder, por orientação dos advogados, sobre a joia que comprou em 2009 para a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, a pedido de Cabral, em Mônaco. O ex-governador disse que devolveu o anel, que custou cerca de R$ 800 mil, em 2012, após o escândalo da Delta.
“RIO TURVO” – Cavendish não citou nenhum outro político. Disse que a maior parte dos R$ 370 milhões tinha como objetivo pagamentos corriqueiros “por fora”, tais como “complementação salarial” de funcionários, alimentação, locação de carros e pequenos serviços. “Esse valor parece muito, mas foi gasto ao longo de todos esses anos”, disse ele.
O empresário confirmou que dinheiro em espécie era “produzido” por meio de contratos fictícios com empresas de Adir Assad. Na empreiteira, os recursos eram contabilizados no centro de custo “rio Turvo”, segundo as investigações.
Ele afirmou que só soube da relação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com Cláudio Abreu, diretor da Delta no Centro Oeste, durante a CPI. Ele afirmou que o conheceu pessoalmente num jantar na casa do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em razão do escândalo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Cabral nega ter cobrado propina por obras no Estado e diz que sua fortuna era totalmente feita com sobras de campanha. O depoimento de Cavendish, que desmente o ex-governador, tem muita importância devido à proximidade entre os dois, que chegaram a ser concunhados, quando Cabral abandonou Adriana Ancelmo para viver com Fernanda Kfouri, irmã de Jordana, mulher de Cavendish.  As duas irmãs morreram num acidente de helicóptero em Porto Seguro, em 2011, mas Cabral e Cavendish escaparam, porque iriam no vôo seguinte. Desesperado com a possibilidade do escândalo, Cabral imediatamente se reconciliou com Adriana Ancelmo e os dois foram juntos ao sepultamento de Jordana Cavendish.  Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C. N.)


08 de agosto de 2017
Italo Nogueira
Folha

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