Rio – Li e reli algumas entrevistas de Rodrigo Janot nos últimos dias. Confesso que nada do que ele disse me tocou, me sensibilizou em relação ao seu trabalho na procuradoria. O procurador-geral da República tem falado friamente sobre os fatos que ocorreram na sua gestão à frente do órgão e em nenhum momento puxou para si a responsabilidade de apurar os crimes da dupla Lula/Dilma. Fez-se distante dos males que os dois causaram ao país, ao contrário do juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente a nove anos e meio de cadeia. Janot falou do Temer, do Aécio e do procurador Ângelo Goulart, olheiro dos irmãos Batista, preso. Recusou-se a se defender das insinuações que Temer fez de que ele estaria na caixinha da JBS, acusação grave que teria merecido dele uma resposta à altura de quem não tem culpa no cartório. Mas o que se viu até agora foi um silêncio inexplicável de Janot.
Na entrevista ao Estadão, o procurador faz cara de paisagem para os malefícios que a dupla Lula/Dilma causou ao país. Em nenhum momento isto o motivou a investigar os petistas que saquearam os cofres públicos, pois para ele o país só começou a ficar pervertido depois que o Temer assumiu o poder e o Aécio pediu R$ 2 milhões de reais ao Joesley, da JBS. Ora, doutor Janot, o senhor sabe muito bem que quase no final dos seus trabalhos houve uma turbulência dentro do próprio Ministério Público. Muitos dos seus auxiliares – que preferem o anonimato – não gostaram que Vossa Senhoria tivesse dado um salvo conduto aos irmãos Batista em troca da delação premiada.
Quando o senhor diz que uma das condições dos Batista para delação era o perdão total dos crimes, que eles não abriam mão dessa imunidade, está fazendo uma confissão de leniência. Trocando em miúdos: o senhor quer dizer que nem a Polícia Federal e nem os seus procuradores teriam condição de levar a fundo as investigações? É isso? Ora, sabemos todos que a PF está aparelhada tecnicamente para descobrir crimes financeiros como poucas polícias do mundo. E os seus procuradores também estão na mesma condição de eficiência. Portanto, as suas afirmações, doutor Janot, são frágeis, não se sustentam.
O senhor esteve com a mão na botija para chegar aos verdadeiros chefes da organização criminosa no Brasil, sob a orientação dos irmãos Batista, e deixou escapar essa grande oportunidade porque considerou que a gravação, a mala do assessor do Temer, e a gorjeta milionária do Aécio eram revelações suficientes para encerrar as investigações. Os irmãos Batista, senhor Janot, enrolaram o senhor e seus auxiliares. Eles são hábeis negociantes. Não à toa, em pouco mais de dez anos, deixaram seus açougues na periferia das cidades de Goiás para se transformar em bilionários internacionais.
Com a conversa fiada de que o Brasil precisaria de multinacionais no exterior, eles também enrolaram os dirigentes do BNDES e de lá sacaram bilhões para comprar empresas com o nosso dinheirinho e gerar renda e emprego lá fora. Os que não foram iludidos passaram a receber propinas como intermediários das transações para facilitar as negociatas dos irmãos Batista. Entendeu, doutor Janot?
Veja agora os fatos atuais: com a prisão de Geddel, os brasileiros sabem agora que os irmãos Batista fizeram da Caixa Econômica Federal um covil de bandidos. Do banco, eles sacaram mais de 2 bilhões de reais para comprar a Alpargatas, aquelas das sandálias havaianas. O Geddel era vice da CEF à época. Descobre-se, agora, que ele facilitou o negócio ao preço de 20 milhões de reais de propina, como denunciou o doleiro Lúcio Funaro em delação premiada. A pergunta é: os Batista, quando fizeram a delação premiada, contaram essa historinha para o senhor e seus procuradores? Claro que não, doutor Janot.
Cercado por denúncias de todos os lados, os Batista anunciaram agora a venda da Alpargatas para dois grupos econômicos por R$ 3,5 bilhões. Que grande negócio, hein? Que lucro fabuloso para quem apenas transferiu uma bolada de dinheiro de um banco público para comprar uma nova empresa sem precisar mexer um tostão das suas economia.
Pois é, doutor, outros crimes dos irmãos Batista vão começar a aparecer. E serão tantos e tantos que o senhor lá na frente vai ser chamado de ingênuo e os ministros do STF de bobos da corte, pois foram induzidos a ratificar o acordo de delação dos Batista que agora gozam de imunidade plena.
Doutor Janot, se Al Capone fosse vivo, ele e a sua turma de mafiosos seriam estagiários nas empresas dos Batista. Aprenderiam, na bíblia dos irmãos goianos, que o crime no Brasil compensa, mesmo quando os delinquentes são flagrados com os bilhões de reais dos cofres públicos nos bolsos.
14 de julho de 2017
jorge oliveira
Na entrevista ao Estadão, o procurador faz cara de paisagem para os malefícios que a dupla Lula/Dilma causou ao país. Em nenhum momento isto o motivou a investigar os petistas que saquearam os cofres públicos, pois para ele o país só começou a ficar pervertido depois que o Temer assumiu o poder e o Aécio pediu R$ 2 milhões de reais ao Joesley, da JBS. Ora, doutor Janot, o senhor sabe muito bem que quase no final dos seus trabalhos houve uma turbulência dentro do próprio Ministério Público. Muitos dos seus auxiliares – que preferem o anonimato – não gostaram que Vossa Senhoria tivesse dado um salvo conduto aos irmãos Batista em troca da delação premiada.
Quando o senhor diz que uma das condições dos Batista para delação era o perdão total dos crimes, que eles não abriam mão dessa imunidade, está fazendo uma confissão de leniência. Trocando em miúdos: o senhor quer dizer que nem a Polícia Federal e nem os seus procuradores teriam condição de levar a fundo as investigações? É isso? Ora, sabemos todos que a PF está aparelhada tecnicamente para descobrir crimes financeiros como poucas polícias do mundo. E os seus procuradores também estão na mesma condição de eficiência. Portanto, as suas afirmações, doutor Janot, são frágeis, não se sustentam.
O senhor esteve com a mão na botija para chegar aos verdadeiros chefes da organização criminosa no Brasil, sob a orientação dos irmãos Batista, e deixou escapar essa grande oportunidade porque considerou que a gravação, a mala do assessor do Temer, e a gorjeta milionária do Aécio eram revelações suficientes para encerrar as investigações. Os irmãos Batista, senhor Janot, enrolaram o senhor e seus auxiliares. Eles são hábeis negociantes. Não à toa, em pouco mais de dez anos, deixaram seus açougues na periferia das cidades de Goiás para se transformar em bilionários internacionais.
Com a conversa fiada de que o Brasil precisaria de multinacionais no exterior, eles também enrolaram os dirigentes do BNDES e de lá sacaram bilhões para comprar empresas com o nosso dinheirinho e gerar renda e emprego lá fora. Os que não foram iludidos passaram a receber propinas como intermediários das transações para facilitar as negociatas dos irmãos Batista. Entendeu, doutor Janot?
Veja agora os fatos atuais: com a prisão de Geddel, os brasileiros sabem agora que os irmãos Batista fizeram da Caixa Econômica Federal um covil de bandidos. Do banco, eles sacaram mais de 2 bilhões de reais para comprar a Alpargatas, aquelas das sandálias havaianas. O Geddel era vice da CEF à época. Descobre-se, agora, que ele facilitou o negócio ao preço de 20 milhões de reais de propina, como denunciou o doleiro Lúcio Funaro em delação premiada. A pergunta é: os Batista, quando fizeram a delação premiada, contaram essa historinha para o senhor e seus procuradores? Claro que não, doutor Janot.
Cercado por denúncias de todos os lados, os Batista anunciaram agora a venda da Alpargatas para dois grupos econômicos por R$ 3,5 bilhões. Que grande negócio, hein? Que lucro fabuloso para quem apenas transferiu uma bolada de dinheiro de um banco público para comprar uma nova empresa sem precisar mexer um tostão das suas economia.
Pois é, doutor, outros crimes dos irmãos Batista vão começar a aparecer. E serão tantos e tantos que o senhor lá na frente vai ser chamado de ingênuo e os ministros do STF de bobos da corte, pois foram induzidos a ratificar o acordo de delação dos Batista que agora gozam de imunidade plena.
Doutor Janot, se Al Capone fosse vivo, ele e a sua turma de mafiosos seriam estagiários nas empresas dos Batista. Aprenderiam, na bíblia dos irmãos goianos, que o crime no Brasil compensa, mesmo quando os delinquentes são flagrados com os bilhões de reais dos cofres públicos nos bolsos.
14 de julho de 2017
jorge oliveira
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