Como os fatos das últimas 48 horas revelaram e destacaram, o presidente Michel Temer e o ex-presidente Lula, acompanhados na viagem por aqueles que os apoiam, estão tentando em vão atravessar o túnel das evidências e o espelho das consciências. São dois obstáculos reflexivos e intransponíveis.
Evidências não faltam para estabelecer tanta a culpabilidade de Temer quanto a de Lula pelo comprometimento que mantém com personagens sinuosos nas delações e nas ações. O espelho das consciências ressalta o esforço exacerbado feito por aqueles que ainda tentam negar o envolvimento do ex-presidente e do atual presidente da República, tendo que buscar convencer a si mesmos de uma realidade que não existe e jamais poderá refletir a verdade dos fatos.
DIANTE DO ESPELHO – É como se os defensores de Lula e Temer tentassem atravessar um espelho num esforço para fugirem de si próprios encontrando do outro lado o reino da fantasia. Assim como no “Mágico de Oz”, filme famoso do início da década de 40.
Por falar em década de 40, o discurso do advogado Cláudio Mariz de Oliveira na Comissão de Constituição e Justiça, transmissão direta da Globonews, sem dúvida remeteu à retórica de defesas feitas no Tribunal do Júri por advogados famosos como Estélio Galvão Bueno, Evandro Lins e Silva, Romeiro Neto. Era uma outra época e um outro estilo que não vigora mais.
Mariz de Oliveira insistiu em desfocar a questão que pesa sobre Michel Temer. O mesmo caminho dos que defendem Lula. A retórica passadista não convence. Michel Temer passa pela CCJ, porém não passa no seu julgamento perante a opinião pública do Brasil.
LIBERANDO GERAL – Para saltar por sobre a CCJ – reportagem de Letícia Fernandes, O Globo desta quinta-feira – Michel Temer lançou no cenário a liberação financeira de emendas a serem destinadas por deputados às respectivas bases eleitorais. E acrescentou uma ameaça reproduzida por Mariz de Oliveira de que uma condenação sua agora poderia abrir margem a condenações de vários deputados amanhã.
Amanhã será sempre outro dia, em que os fatos mudam rápida e frequentemente na política. Por seu turno, Lula lançou-se candidato à presidência da República em 2018. Sua estrada vai depender da decisão da segunda instância pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, que abrange as questões judiciais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A candidatura de Lula depende do que a Justiça decidir. A permanência de Michel Temer depende dos ventos que chegarem ao Planalto. O túnel das evidências e o espelho das consciências serão decisivos para os destinos dos dois políticos.
14 de julho de 2017
Pedro do Coutto
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