É isso aí. A Polícia Federal encaminhou 82 perguntas ao presidente Michel Temer, através do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot que por sua vez as enviou ao Ministro Edson Fachin , relator no STF da Operação Lava Jato. Edson Fachin dera um prazo de 24 horas ao Presidente da República. Este, através de seus advogados, pediu mais prazo. Seu pedido foi atendido: o prazo foi prorrogado até sexta-feira. Ao pedir mais prazo, tacitamente Michel Temer sinalizou que vai responder às perguntas, pois chegou-se a divulgar de que ele não estava disposto a atender os questionamentos. Mas agora observa-se que, ao pedir mais prazo Michel Temer pretende responder a esta peça do processo contra si.
A íntegra das 82 perguntas foi publicada nas edições desta quarta-feira de O Globo e da Folha de São Paulo. É possível que o presidente não responda a todas elas, concentrando-se naquelas de mais fácil explicação. Outras são mais difíceis de abordar, principalmente as que se referem à disparada de Rocha Loures na noite paulista com a mala de 500 mil reais. Outra pergunta espinhosa refere-se a seu encontro no Palácio Jaburu com o empresário Joesley Batista.
OBJETIVO – Examinando-se com atenção o elenco das perguntas chega-se a conclusão de que seu texto não oculta o sentido de afirmação contido nelas. Porque é público e notório, por exemplo, que Joesley Batista dialogou durante 40 minutos com Michel Temer. Como poderá o presidente responder a esta questão buscando um mínimo de sinceridade em torno do fato?
Outra pergunta bastante sensível é a relativa ao grau de intimidade com Rocha Loures. Por coincidência, foi publicada uma foto do presidente da República assistindo televisão no Palácio do Planalto ao lado de Rocha Loures, Henrique Eduardo Alves e Eliseu Padilha. Assistiam a transmissão do impeachment de Dilma Rousseff, quando ele foi votado e aprovado pela Câmara dos Deputados. A foto, portanto, focaliza duas pessoas que hoje encontram-se presas por despacho exatamente do ministro Edson Fachin. Quanto a Eliseu Padilha, Chefe da Casa Civil, tem contra si manifestações da Odebrecht dentro do esquema de delação premiada e é réu em vários processos.
JULGAMENTO NO TSE – É possível que, ao solicitar prazo até sexta-feira, o presidente Michel Temer mostre confiança no resultado do julgamento que transcorre no Tribunal Superior Eleitoral. O prazo previsto para decisão assinalava esta quinta-feira. É possível, porém, que se estenda por mais alguns dias. De qualquer forma, Temer assinalou estar convencido de que o resultado lhe será favorável.
Uma outra expectativa destacada pelo Procurador Geral é de que, na hipótese de ser absolvido, Michel Temer tenha que enfrentar uma ação de Rodrigo Janot, inicialmente dirigida ao STF solicitando instauração de processo criminal contra o presidente da República. O mandato de Rodrigo Janot termina em setembro. Não poderá mais ser reeleito e sua substituição caberá à escolha do presidente da República entre os três integrantes do Ministério Público que forem mais votados pela categoria. Existe também a hipótese de a escolha recair sobre um procurador independentemente de votação, o que parece inviável.
SAÍDA DE JANOT – Mas há muito tempo até setembro para o Planalto contar com a saída de Rodrigo Janot, afinal o prazo é de três meses, diferença de tempo entre junho e setembro.
Devem surgir fatos novos a qualquer momento, uma vez que soa estranho um presidente da República recear a atuação de um Procurador Geral. Se isto ocorre é porque algo inusitado está ocorrendo no processo de poder no país, pois o panorama é incomum.
Vamos esperar o resultado do TSE e a forma com que Michel Temer responderá às perguntas da Polícia Federal.
08 de junho de 2017
Pedro do Coutto
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