Ao entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) registros de diário de bordo da aeronave usada pelo então vice-presidente Michel Temer para viajar com Marcela Temer a Comandatuba, em janeiro de 2011, o empresário Joesley Batista contou aos procuradores ter recebido uma ligação do próprio Temer para perguntar sobre o envio de flores à aeronave e agradecer pelo agrado.
A versão de Joesley Batista contradiz a nova nota divulgada no início da tarde desta terça-feira pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que informa que “o vice-presidente não sabia a quem pertencia a aeronave” usada para deslocamento até o interior da Bahia.
Em relato à Procuradoria-Geral da República, Joesley contou ter enviado flores para enfeitar a aeronave que seria usada pela família Temer para retornar a São Paulo, o que teria deixado o então vice-presidente com ciúmes. Segundo ele, para evitar o mal estar com o vice-presidente, o comandante da aeronave teria dito que este era um presente da mãe de Joesley, e não do empresário.
AGRADECIMENTO – O vice-presidente teria, então, telefonado ao empresário para dizer que gostaria de agradecer à matriarca da família pelo agrado. E, em seguida, ligado à mãe de Joesley, Flora Batista.
Na noite de segunda-feira, a assessoria de Temer havia informado que só havia registros de viagens do então vice-presidente usando aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Nesta terça-feira, a assessoria teve de mudar a versão e afirmou que ele usou uma aeronave particular para ir à Bahia em janeiro de 2011, mas não sabia quem era o dono do jato.
As informações sobre a presença de Temer em aeronaves do grupo J&F, que é dona da JBS, foram repassadas aos procuradores para reforçar o vínculo do empresário com Joesley.
RELACIONAMENTO – O empresário informou à Procuradoria que mantém um relacionamento estreito com o político do PMDB desde 2010, quando teria sido apresentado a ele por Wagner Rossi, então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2010-2011).
Na ocasião, ele teria passado a atender a pedidos de contribuições financeiras e favores do então vice-presidente.
Em pronunciamento público recente, Temer buscou se desvincular de qualquer relação de intimidade com Joesley, classificando-o como “conhecido falastrão”.
No último dia 17, o Globo revelou que o presidente deu aval para Joesley comprar o silêncio de Eduardo Cunha na cadeia. Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de corrupção passiva, integrar organização criminosa e obstrução de Justiça.
08 de junho de 2017
Thiago Herdy
O Globo
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