"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

CONTA-CORRENTE DO DOLEIRO FUNARO COM JOESLEY MOVIMENTOU R$ 173 MILHÕES

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Joesley delatou a corrupção na Caixa Econômica
Uma casa nos Jardins, em São Paulo, de R$ 14 milhões, e um helicóptero, de R$ 8,4 milhões, seriam alguns dos itens da conta-corrente de propina paga desde 2011 pelo empresário Joesley Batista ao operador Lúcio Funaro, um dos personagens da crise no governo Temer. O empresário entregou em seu acordo de colaboração a planilha de entrada e saída de pagamentos que mantinha com o operador, que mostra um total de repasses de R$ 173 milhões somente a Funaro. O montante é muito superior ao valor que Joesley terá que pagar de multa no compromisso de delação, que é de R$ 110 milhões – cada executivo da JBS pagará um valor próprio.
Nesta semana, a J&F acertou o pagamento de multa também em um acordo de leniência (espécie de delação empresarial). Serão desembolsados R$ 10,3 bilhões, mas em um prazo de 25 anos.
CONTA-CORRENTE – Iniciada em 2011, a conta-corrente era abastecida por diferentes empresas da holding J&F, dona da JBS, como Eldorado Celulose e Vigor. Em seus depoimentos de colaboração, Joesley vincula diretamente o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a esses valores pagos a Funaro, dizendo que eles atuavam em conjunto, e cita ainda ligação desse “grupo” com Temer, por “ser da turma do PMDB da Câmara”.
A maior parte do suborno pago se referia à liberação de empréstimos na Caixa Econômica, disse o delator. Ele falou que Cunha e Funaro influenciavam as operações no banco e que, sem pagamento, não haveria a liberação de financiamentos. Citou ainda o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, que também virou delator.
Ao falar sobre o início dos pagamentos, Joesley disse que Funaro e Cunha foram “encampando” setores do governo de Dilma Rousseff e cobrando propina nas áreas sob suas influências. “Eles vinham tomando terreno, este grupo. Encampou o [fundo de investimento] FI-FGTS, encampou a Caixa, aí encampou o Ministério da Agricultura.”
PROPINAS EM SÉRIE – Na pasta da Agricultura, falou Joesley, teve que pagar propina de R$ 2 milhões por uma medida que nem sequer havia pedido, sobre a regulamentação da exportação de restos bovinos.
A planilha já tinha sido encerrada antes da delação, mas os pagamentos continuaram até uma semana antes de Joesley prestar depoimentos ao Ministério Público Federal, contou o empresário. Funaro está detido desde julho de 2016 e é réu em ação, em Brasília, sobre o FI-FGTS.
A planilha de Joesley mostra uma série de pagamentos vinculados à casa nos Jardins, como reforma de R$ 220 mil, em 2013, e até remuneração de funcionários. Situação parecida ocorreu com o helicóptero. Joesley guardava junto ao balanço da conta de Funaro uma relação de pagamentos de taxas aeronáuticas e de seguro. Na planilha, há um lançamento de R$ 434 mil relacionado a gastos com o equipamento.
TODOS NEGAM TUDO – Para a defesa de Lúcio Funaro, Joesley adotou a estratégia de contar “fabulações” ou distorções para conseguir “benesses” em seu acordo de colaboração premiada.
O advogado Bruno Espiñeira, que defende Funaro, diz que seu cliente tinha uma atuação legítima junto a Joesley, e trabalhou, por exemplo, prestando assessoria para solucionar pendências do grupo empresarial com o frigorífico Bertin. Apenas um dos contratos, disse, tinha valor de R$ 80 milhões.
Questionado a respeito da casa e do helicóptero, Espiñeira disse que não pode comentar o assunto porque desconhece detalhes sobre o caso. Ele também não comentou as acusações de ligação com Eduardo Cunha. A defesa de Cunha não se manifesta a respeito. Temer vem negando participação em irregularidades e afirma que “não tem o que esconder”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Deveria ser proibido falar em corrupção na Caixa ser citar dois expoentes do esquema que viraram ministros de Temer: Geddel Vieira Lima e Moreira Franco. (C.N.)

02 de junho de 2017
Felipe Bächtold
Folha

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