O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, apontado como um dos principais cúmplices do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está tentando negociar um acordo de delação premiada com a Procuradoria da República. As informações oferecidas pelo operador poderiam turbinar o inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Michel Temer e o agora ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR), segundo disse ao Globo uma fonte ligada ao caso. Funaro está preso desde 1º de julho do ano passado. Ele é acusado de se associar a Cunha e outras pessoas desviar dinheiro do FI-FGTS, da Caixa Econômica Federal, e de outras áreas estratégicas do governo federal.
Funaro prometeu colaborar com as investigações da Lava-Jato e outras operações sobre corrupção logo depois de ser preso, quando ainda estava sendo transferido de São Paulo, onde morava, para um presídio em Brasília. Mas, num determinado momento, mudou de ideia e passou a dizer que não faria delação em hipótese alguma. Ele alegava inocência. Não teria nada para contar que fosse de interesse do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal. Recentemente, depois das delações dos executivos da JBS, o operador entendeu que a posição anterior era insustentável e optou por buscar um acordo com os procuradores da Lava-Jato em Brasília.
MAIS REVELAÇÕES – Funaro estaria disposto a apresentar informações para confirmar e até ampliar parte das acusações formuladas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, sobre corrupção no governo federal. Ao mesmo tempo, daria explicações diferentes e, em alguns casos, contrárias as versões dos irmãos Batista.
Apesar da relevância das investigações sobre Temer e Loures, as negociações “estão difíceis”, segundo disse ao Globo uma fonte a par das tratativas. O Ministério Público estaria reticente. Os procuradores entendem que já têm provas suficientes nas investigações sobre Temer, Loures e os pagamentos de suborno da JBS. Para justificar uma colaboração, Funaro teria que ser mais específico e incisivo em eventuais revelações.
PRISÃO DE LOURES – As delações da JBS, aliás, já resultaram em um segundo mandato de prisão preventiva contra o operador, expedido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF.
Num dos depoimentos da delação, Joesley Batista disse pagar mesada a Funaro para que ele se mantivesse em silêncio, ou seja, não fizesse denúncias comprometedoras contra o alto escalão do governo.
A partir das revelações dos donos da JBS, a Polícia Federal prendeu Roberta Funaro, irmã do operador. Ela foi presa depois de receber uma mala com R$ 400 mil do executivo Ricardo Saud, um dos operadores da propina da JBS. A ação foi até filmada pela polícia.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Chamar Lúcio Funaro de “operador financeiro” é muita bondade. Na verdade, ele atuava como doleiro e era o principal cúmplice de Eduardo Cunha. Antes de ser cassado, Cunha passou dois meses se reunindo diariamente com Funaro na mansão da presidência da Câmara, reunindo documentos e fazendo anotações para montar um dossiê que obrigasse o governo e os caciques do PMDB a intercederem junto ao Judiciário para impedir a prisão dos dois. O que se sabe é que Funaro é muito organizado, anotava tudo sobre as propinas e os pagamentos. Sua delação vai ser uma festa. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Chamar Lúcio Funaro de “operador financeiro” é muita bondade. Na verdade, ele atuava como doleiro e era o principal cúmplice de Eduardo Cunha. Antes de ser cassado, Cunha passou dois meses se reunindo diariamente com Funaro na mansão da presidência da Câmara, reunindo documentos e fazendo anotações para montar um dossiê que obrigasse o governo e os caciques do PMDB a intercederem junto ao Judiciário para impedir a prisão dos dois. O que se sabe é que Funaro é muito organizado, anotava tudo sobre as propinas e os pagamentos. Sua delação vai ser uma festa. (C.N.)
02 de junho de 2017
Jailton de Carvalho
O Globo
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