"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

DELATOR DIZ QUE EX-MINISTRO SERRAGLIO RECEBIA PROPINAS EM DINHEIRO VIVO

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Serraglio se defende e diz que é tudo mentira
Em negociação de delação com os procuradores da Carne Fraca, Daniel Gonçalves Filho, apontado pela Polícia Federal como chefe do esquema de corrupção na unidade do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Paraná, cita pagamentos “normalmente em espécie” de empresas do setor alimentício para o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR). O peemedebista voltou à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 31, após ser demitido do Ministério da Justiça e da Segurança Pública pela presidente Michel Temer.
Serraglio, segundo Gonçalves Filho, seria um de seus “padrinhos” no cargo. Ao lado de Maria do Rocio Nascimento, ex-chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Gonçalves Filho é apontado como líder do esquema descoberto pela operação Carne Fraca e seria responsável por arrecadar propinas de frigoríficos e empresas do setor alimentício.
DELAÇÃO EM MARCHA – A proposta de delação premiada do fiscal está na Procuradoria-Geral da República (PGR) e complica a situação de Serraglio. Como vai reassumir sua cadeira na Câmara dos Deputados, o deputado será investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), caso o acordo seja homologado.
O candidato a delator afirmou aos procuradores da República que empresas do setor de carnes e processados pagavam valores para Serraglio e outros políticos. Daniel explicou que ele mesmo entregava o dinheiro para o deputado do PMDB.
Um grampo da Carne Fraca capturou uma conversa de Serraglio (PMDB-PR) com o fiscal agropecuário  No diálogo, o peemedebista se refere a Daniel Gonçalves como “o grande chefe”.
FRIGORÍFICO – Segundo a decisão que deflagrou a Carne Fraca, “em conversa com o deputado Osmar Serraglio, Daniel  é informado acerca de problemas que um Frigorífico de Iporã estaria tendo com a fiscalização do MAPA (o frigorífico Larissa situa-se na mesma cidade)”. O frigorífico Larissa pertence ao empresário Paulo Rogério Sposito, candidato a deputado federal pelo estado de São Paulo em 2010 com o nome Paulinho Larissa.
“Logo após encerrar a ligação, Daniel ligou para Maria do Rocio, contando-lhe que o fiscal de Iporã quer fechar o Frigorífico Larissa daquela localidade”, informa a decisão. “Ele pede a ela que averigue o que está acontecendo e lhe ponha a par. ela então obedece à ordem e em seguida o informa de que não tem nada de errado lá, está tudo normal, informação esta depois repassada a Osmar Serraglio.”
CONFIRMAÇÃO – Denunciada ao lado de Gonçalves Filho como uma das lideranças do esquema, a ex-chefe do Serviço de Inspeção do Ministério da Agricultura, no Paraná,  Maria do Rocio também deu início a uma negociação de delação premiada. Ela assinou o termo de confidencialidade com o MPF nos últimos dias. Estado apurou que nas primeiras conversas com os investigadores, a funcionária pública confirmou os supostos pagamentos.
Em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal em 2016, com autorização judicial, a fiscal, que está presa preventivamente, cita o nome “Serraglio” como “o velhinho que está conosco”.
A assessoria de Serraglio diz que é tudo mentira: “Absolutamente impossível ele estar falando isso. Jamais, em momento algum, o Deputado tratou com ele sobre qualquer tipo de recursos, menos ainda de qualquer tipo de ilicitude.”

02 de junho de 2017
Fabio Serapião
Estadão

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