Este artigo foi publicado em 30 de janeiro de 2015 aqui na Tribuna da Internet, mostrando que Henrique Meirelles, como presidente do Conselho Consultivo do grupo dos Irmãos Batista, recomendara a vultosa campanha publicitária para ocultar os “malfeitos” do grupo Friboi. A matéria inclusive denunciava os altos investimentos do grupo no patrocínio de políticos no caixa 1, pois à época nem se falava em caixa 2. Recordar é viver e vale a pena ver de novo, para refrescar a memória.
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MEIRELLES TENTA COMPRAR O SILÊNCIO
DA MÍDIA NO CASO DA FRIBOI
MEIRELLES TENTA COMPRAR O SILÊNCIO
DA MÍDIA NO CASO DA FRIBOI
É impressionante a bilionária campanha publicitária que o grupo JBS, maior exportador de carne bovina do mundo e dono da marca Friboi, vem fazendo na imprensa escrita e na televisão, inserindo anúncios em espaços e horários nobres e pagando cachês altíssimos a artistas “globais” consagrados como Tony Ramos, Fátima Bernardes e Roberto Carlos, que inclusive é vegetariano há décadas.
O grupo JBS, de Goiás, pertence aos irmãos Batista e era comandado por José Batista Júnior, que conseguiu apoio do BNDES a partir do primeiro governo Lula e alçou o frigorífico JBS-Friboi ao topo do mercado de carnes do país e do mundo.
CHAMARAM MEIRELLES – Em março de 2012, preocupados com a crescente responsabilidade causada pela expansão dos negócios, os irmãos Batista chamaram o conterrâneo Henrique Meirelles para assumir a presidência do Conselho Consultivo da J&F, holding que controla empresas e marcas famosas como JBS Friboi, Banco Original, Swift, Doriana, MassaLeve, Lebon, Pilgrim’s, Seara, Vigor, Rigamonti, Fiesta e Flora. Uma das missões de Meirelles era traçar a estratégia mundial do grupo, para não perder mercado.
Menos de um ano depois, surpreendentemente José Batista Júnior deixou de ser o principal sócio da holding J&F, tendo vendido sua participação para os irmãos Joesley e Wesley, que tiveram de manter Meirelles à frente do Conselho, porque hoje a credibilidade do grupo está diretamente associada à atuação do ex-presidente do Banco Central e do BankBoston, que está cada vez mais rico e se tornou também acionista do Itaú.
CAMPANHA BILIONÁRIA – No comando da holding J&F, Meirelles determinou o lançamento da espalhafatosa campanha publicitária, que começou no início do ano passado e parece não ter mais fim, para satisfação dos barões da mídia impressa e televisionada.
O objetivo da propaganda em massa não é comercial; pelo contrário, tem apenas a finalidade de amansar a grande mídia, para desestimular reportagens investigativas que possam revelar as entranhas desse surpreendente sucesso empresarial movido pela generosidade do BNDES, que na gestão petista emprestou à JBS R$ 2,5 bilhões (diretamente ou por meio de outros bancos) e comprou R$ 8,5 bilhões em ações do grupo, que equivalem a 24,6% de seu capital.
PATROCÍNIO ELEITORAL – Além de atuar no controle da mídia, Meirelles também transformou a holding J&F na maior patrocinadora da política nacional. Oportuna reportagem de Leandro Prazeres, no site UOL, revela que o generoso grupo já doou a candidatos e partidos cerca de 18,5% de tudo o que tomou emprestado do BNDES entre 2005 e 2014, com PT, PMDB e PSDB aparecendo como os mais beneficiados.
Desde 2006, o grupo já figurava como um dos maiores doadores de campanhas políticas do Brasil. Meirelles só fez aumentar o cachê. Em 2010, por exemplo, o JBS ficou em terceiro lugar, com R$ 63 milhões. Mas em 2014, sob comando dele, o grupo passou a ser o maior doador, com R$ 366,8 milhões em patrocínio eleitoral, seguido da construtora Odebrecht, que doou R$ 111 milhões, e do Bradesco, com cerca de R$ 100 milhões.
GENEROSIDADE DEMAIS – O repórter Leandro Prazeres mostrou que o comprometimento da J&F com doações a políticos é tão grande que, somente para a eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido registrado em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$ 100 de lucro, a JBS doasse R$ 39,5 para os caixas de campanhas de partidos e candidatos. Da mesma forma, a Odebrecht, segunda colocada no ranking de doações neste ano, doou 22% de seu lucro líquido em 2013, que foi de R$ 490,7 milhões.
É generosidade demais, motivando justificadas suspeitas de sonegações e graves irregularidades contábeis. Como se sabe, o lucro líquido é a diferença entre o que a empresa faturou e os seus custos operacionais (salários, tributos, impostos etc).
E a conclusão é óbvia – a J&F comprou a grande imprensa, mas esqueceu a internet, e o surgimento de um escândalo será inevitável.
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PS – Conforme assinalamos, este artigo foi escrito em janeiro de 2015. Mais de dois anos depois, espera-se que a republicação do texto não venha a fortalecer a teoria conspiratória que tenta atribuir a um tenebroso complô o atual posicionamento da Organização Globo contra Temer. A teoria conspiratória está crescendo na internet, mas até agora não há a menor sustentação, apenas virtual. Nos últimos anos, a demonização da Globo vinha sendo feita por Lula e pelos dirigentes petistas, para alegar inocência no esquema de corrupção. Agora, quem o faz são os aliados do presidente Temer. Realmente, chega a ser patético. Vamos escrever a respeito, até porque é preciso dar à Organização Globo e ao Jornal Nacional o direito de acertar. Se alguém tiver provas contra a Globo, aceitaremos prazerosamente é claro, como fizemos no artigo de ontem, sobre o caso da usurpação da TV Paulista por Roberto Marinho, que é encoberto pela grande mídia e noticiado apenas aqui no espaço livre da Tribuna da Internet, sempre com total exclusividade. (C.N.)
23 de maio de 2017
PS – Conforme assinalamos, este artigo foi escrito em janeiro de 2015. Mais de dois anos depois, espera-se que a republicação do texto não venha a fortalecer a teoria conspiratória que tenta atribuir a um tenebroso complô o atual posicionamento da Organização Globo contra Temer. A teoria conspiratória está crescendo na internet, mas até agora não há a menor sustentação, apenas virtual. Nos últimos anos, a demonização da Globo vinha sendo feita por Lula e pelos dirigentes petistas, para alegar inocência no esquema de corrupção. Agora, quem o faz são os aliados do presidente Temer. Realmente, chega a ser patético. Vamos escrever a respeito, até porque é preciso dar à Organização Globo e ao Jornal Nacional o direito de acertar. Se alguém tiver provas contra a Globo, aceitaremos prazerosamente é claro, como fizemos no artigo de ontem, sobre o caso da usurpação da TV Paulista por Roberto Marinho, que é encoberto pela grande mídia e noticiado apenas aqui no espaço livre da Tribuna da Internet, sempre com total exclusividade. (C.N.)
23 de maio de 2017
Carlos Newton
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