Ao que parece, os petistas se empolgaram cedo demais com a desgraça política que se abateu sobre Aécio Neves.
A euforia inicial está se transmutando, aos poucos, em preocupação incômoda. Daqui a pouco vai virar obsessão.
Ocorre que o investimento petista na narrativa de que “Moro não tem moral para prender Lula” os fez definir a Lava Jato como um inimigo ao ponto de se tornar muito difícil voltar atrás. No imaginário daqueles que seguem o petismo, a Lava Jato já é a inimiga número 1.
A racionalização encontrada para esta narrativa estava no fato de que, segundo eles, Aécio “estava blindado das investigações”. Com isso em mente, ficava fácil convencer a patuleia de que Lula era perseguido.
Eis que o símbolo da narrativa petista – o “Aécio blindado” – hoje é tratado como um investigado como todos os outros na Lava Jato. Não recebe nenhum privilégio após ser pego numa delação devastadora.
A partir deste ponto, qualquer narrativa dizendo que “se Aécio é blindado, logo Lula é perseguido” perde todo o nexo. Ao mesmo tempo, fica muito mais difícil para os petistas criarem constrangimentos sobre Sérgio Moro.
Tudo pode piorar ainda mais para eles se cair a ficha da direita, que pode começar a exigir “Lula na cadeia”, dado que agora o ex-presidente bolivariano é visto como um privilegiado.
Uma questão a ser feita por nós: por que as investigações sobre Lula precisam ser mais lentas do que aquelas envolvendo Eduardo Cunha e Aécio Neves? Não faz sentido.
Deste ponto em diante, Lula pode ser condenado sem nenhum pretexto decente em seu desfavor. Claro que os petistas vão chiar, mas a narrativa do “Lula perseguido” só pode ser tratada agora na base da piada e da humilhação.
23 de maio de 2017
ceticismo político
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