O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – reportagem de Pedro Dias Leite e Paulo Celso Pereira, O Globo desta segunda-feira – iniciou articulações políticas para formar um novo governo, articulações que incluem até o PT, visando, segundo ele próprio diz, uma saída controlada, caso o presidente Michel Temer não resista.
O próprio Michel Temer em entrevista a Fabio Zanine, Danila Lima e Marina Dias, Folha de São Paulo, admite sua saída do Palácio do Planalto e acentua ter sido ingênuo ao conversar com Joesley Batista, da JBS. Mas disse que não renuncia: “Se quiserem me derrubar, que me derrubem”.
A segunda-feira, portanto, não foi nada favorável ao presidente da República. Inclusive, sob o ângulo político, acrescentou reflexos à fracassada tentativa de promover um jantar na noite de domingo a líderes políticos de diversos partidos, no Palácio da Alvorada. Pode-se dizer que o cenário da alvorada tornou-se o crepúsculo de seu mandato.
DESPEDIDA DO PODER – O tom da entrevista a Folha de São Paulo foi praticamente um tom de despedida do poder, sobretudo porque apenas dois ministros o acompanharam no anoitecer: Eliseu Padilha e Moreira Franco.
A articulação assumida por Fernando Henrique Cardoso representa um sinal de que está atuando no PSDB para retirar o apoio ao governo e participar da escolha de um novo presidente para completar o mandato que termina em 2018. Se o PSDB retirar o apoio, não restará mais nada na base de sustentação de Michel Temer.
FHC sinaliza que está apoiando essa retirada. Pois diante da tempestade que varre o convés do Palácio do Planalto, o código político é binário: a opção entre apenas dois caminhos. O caminho para manter MIchel Temer e o roteiro para promover sua substituição.
NO SUPREMO – Como na quarta-feira o Supremo Tribunal Federal vai decidir se mantém ou não o inquérito pedido por Rodrigo Janot e aceito por Edson Fachin, o desfecho da crise de hoje parece estar próximo, ou seja, dentro das próximas 48 horas.
Fernando Henrique, segundo O Globo, está vendo Michel Temer sem apoio suficiente para permanecer. Seu pensamento, de FHC, é claro. Se ele achasse que o apoio poderia ressurgir, não estaria propondo articulação para escolha do novo presidente. Sobretudo porque a inclusão do PT possui um alvo certo: incorporar o Partido dos Trabalhadores em novo esquema de poder, evidentemente com a exclusão de seu principal líder, Lula, às voltas com processo contra ele que pode terminar na sua condenação.
Curiosa a vontade do destino: a passagem do poder sem Dilma Rousseff, sem Michel Temer e sem Luiz Inácio Lula da Silva. Mas com FHC. Aguardemos, portanto, o que o STF vai decidir na quarta-feira.
22 de maio de 2017
Pedro do Coutto
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