"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

ACUSAÇÕES CONTRA TEMER NÃO TÊM COMO BASE SOMENTE A GRAVAÇÃO DE JOESLEY

Resultado de imagem para temer charges
Charge do Simanca (A Tarde)
O pedido da Procuradoria-Geral da República para abertura de investigação sobre o presidente Michel Temer elenca uma série de suspeitas que vão além da gravação de conversa com Joesley Batista, um dos donos da JBS, no Palácio do Jaburu.Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, há ao menos 15 elementos que justificam a abertura de inquérito. Algumas frases da gravação foram utilizadas pela PGR para afirmar que Temer teria dado anuência à compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lucio Funaro. Mas o inquérito autorizado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin se embasa também em outros pontos.
Janot lista como prova, no pedido de abertura de inquérito, além da gravação da conversa de Temer, três outros diálogos, além dos anexos da delação premiada dos empresários e os documentos que a corroboram.
ROCHA LOURES – As suspeitas descritas pelo Ministério Público se baseiam em junção de fatores. Por exemplo, no áudio, Temer diz para Joesley procurar o deputado federal Rocha Loures (PMDB-PR), um dos seus principais aliados, para tratar sobre “qualquer assunto”, inclusive os de interesse da JBS. Depois, em ação controlada pelos investigadores, o homem de confiança do presidente foi flagrado recebendo mala de Ricardo Saud, lobista do frigorífico, que conteria R$ 500 mil de propina.
A soma dos dois acontecimentos levou Janot a suspeitar, e por isso mandar investigar, a possibilidade de Temer também ser um dos beneficiários do dinheiro. O valor seria um pagamento pela ajuda de Rocha Loures em um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) –o que não se concretizou.
Esses seriam indícios de corrupção passiva, no entendimento do Ministério Público. Janot relata ainda, dizendo ser estranho, o fato de Temer ter aberto sua casa para um empresário investigado, tarde da noite, sem que o encontro constasse na agenda.
OUTROS CRIMES – Apesar de questionar a legalidade do áudio, Temer confirmou trechos do diálogo. Ele admite ter ouvido de Joesley que o empresário estava “segurando” dois juízes federais para favorecê-lo em casos em que é investigado.
O presidente não denunciou à Justiça a ação do empresário. No entanto, disse não tê-lo feito feito por não ter acreditado em sua história. “E por isso mesmo eu devo dizer que não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juízes etc.”, afirmou no pronunciamento.
Pagamentos a partir de 2010
O empresário Joesley Batista, da JBS, diz que fez pagamentos de R$ 4,7 milhões a pedido de Temer de 2010 a março deste ano. Na conta, diz, há um ‘mensalinho’ de R$ 100 mil e um repasse de R$ 300 mil, em dinheiro vivo, a um marqueteiro da confiança do presidente, Elsinho Mouco.
R$ 1 milhão embolsado
O delator da JBS Ricardo Saud disse que a empresaria pagaria R$ 15 milhões ao PMDB, a pedido do PT, na campanha de 2014. Saud disse que Temer “guardou para ele, no bolso dele”, R$ 1 milhão, que o atual presidente teria indicado para entrega em um endereço do coronel aposentado da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho.
O dinheiro recebido por Rodrigo Rocha Loures
Um dos principais aliados do presidente, o deputado federal pelo PMDB do Paraná foi flagrado recebendo mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, da JBS, em São Paulo. Existe a suspeita de que Temer seria o beneficiário.
Senha para repasses a Cunha
Segundo Ricardo Saud, Temer sempre pedia para pagar Eduardo Cunha e o operador Lúcio Funaro mesmo na cadeia. “O código era ‘tá dando alpiste pros passarinhos? Os passarinhos tão tranquilos na gaiola?”, disse.
Pedido a favor de Gabriel Chalita
Joesley diz que pagou caixa dois de R$ 3 milhões a Chalita, candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, após Temer pedir os valores.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, pode-se dizer que Temer está caindo pelo conjunto da obra. (C.N.)

22 de maio de 2017
Camila Mattoso, Letícia Casado, Talita Fernandes e Angela Boldrini
Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário