"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 25 de abril de 2017

LULA NEM PRECISA DE INIMIGOS, POIS É ACUSADO POR SEUS PRÓPRIOS AMIGOS


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Patriarca do grupo que leva seu nome, Emílio Odebrecht detalhou aos procuradores ter recorrido a Lula, de quem é próximo há mais de 30 anos, para acertar trocas de favores. O relato do empresário que desfrutava de acesso direto ao então presidente jogou luz sobre episódios até então nebulosos, como a ampliação de crédito do BNDES para Angola. Com obras no país africano, em crise severa, Emílio contou ter pedido a Lula, entre 2008 e 2009, ajuda na liberação do financiamento. Como contrapartida, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, responsável por pagar políticos, afirmou ter liberado US$ 36 milhões em propina.
Em sua delação, Emílio declarou ter reclamado com o então presidente de valores muito altos exigidos pelos interlocutores: “Lembro de, em uma dessas ocasiões, ter dito ao então presidente que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para crocodilo”.
Emílio disse ainda aos investigadores que terminou as obras do sítio de Atibaia (SP), ao custo de R$ 700 mil para a Odebrecht, para que Lula pudesse usá-lo ao deixar a Presidência. Foi a ele que Emílio recorreu também para influenciar na edição de medidas provisórias que parcelavam dívidas de empresas e incentivavam a indústria petroquímica.
LÉO PINHEIRO – Amigo de visitas ao sítio de Atibaia e papos descontraídos ao entardecer no Instituto Lula, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro acusou o petista de lhe ter ordenado a destruir provas de pagamento de propina ao PT no início da Lava-Jato. A revelação foi feita em depoimento ao juiz Sérgio Moro na semana passada. Pinheiro já foi preso duas vezes na operação e tenta destravar uma tumultuada negociação de delação premiada.
O ex-executivo contou a Moro que em junho de 2014, três meses após o início da Lava-Jato, encontrou-se com Lula no instituto. O ex-presidente foi direto e lhe questionou sobre como vinha fazendo pagamentos ao PT. Pinheiro respondeu que atendia as demandas do então tesoureiro João Vaccari. Lula, então, teria dado a ordem: “Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua”, narrou Pinheiro.
Ele afirmou que desde que a OAS assumiu a obra do edifício Solaris, no Guarujá, em 2009, estava acertado que o tríplex seria de Lula. Acrescentou que a reforma feita no local, que incluiu a instalação de um elevador privativo, decorreu de solicitação de Lula e da mulher, Marisa Letícia, já falecida. Contou que procurou Vaccari para questionar se os gastos seriam abatidos da propina que era paga ao PT.
ANTONIO PALOCCI – Mesmo sem uma identidade histórica com as bases do PT, Antonio Palocci se tornou um dos principais homens de confiança de Lula antes mesmo da chegada ao Planalto, em 2002. Apesar de ter ocupado os dois postos mais importantes do governo federal — o Ministério da Fazenda de Lula e a Casa Civil de Dilma — sempre atuou melhor nos bastidores, com desenvoltura para arrecadar recursos.
Preso há cerca de sete meses, ele sinalizou que quer revelar o que sabe. Ao juiz Sérgio Moro, na última semana, foi direto: “Apresento todos os fatos, com nomes, endereços e operações realizadas. Posso lhe dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho”.
A revelação prometida depende de um acordo de delação. Executivos e ex-executivos da Odebrecht apontam Palocci como interlocutor de Lula nas negociações de caixa 2 para campanhas presidenciais, tendo inclusive intermediado pagamento no exterior para o marqueteiro João Santana em 2006, quando o ex-presidente se reelegeu.
Palocci também representaria Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, conforme repetiu diversas vezes Marcelo Odebrecht, nas movimentações da conta denominada “Italiano” — uma referência ao codinome dado pela empresa a ele, que rejeita a alcunha.
JOÃO SANTANA – Quando em 2005 o escândalo do mensalão colocou Lula nas cordas, foi ao marqueteiro João Santana que o então presidente pediu ajuda para construir um discurso de reação. Doze anos depois, o mesmo marqueteiro é um dos responsáveis por agravar a situação do ex-presidente. Com a delação homologada no início do mês, ele já admitiu ter recebido pagamentos, por meio de caixa dois, em campanhas do PT, incluindo a de Lula em 2006, na qual a Odebrecht fez os repasses em operação intermediada por Palocci.
“Na época, o ministro Antonio Palocci já não era mais ministro, ele fez esse contato e uma parte do pagamento desta campanha de reeleição do presidente Lula foi feita pela Odebrecht”, afirmou Santana.
SEM CAIXA UM – Por causa do escândalo do mensalão, Santana disse ter pedido a Palocci para receber por caixa um, mas o ex-ministro disse que devido à cultura existente no país isso não seria possível.
João Santana justificou ser constante pagamentos dessa forma em campanhas eleitorais no Brasil e no exterior. Ele contou ainda que foi Lula quem lhe pediu para fazer a campanha do presidente Mauricio Funes em El Salvador. Neste caso, o pagamento, acertado com o PT, também foi em caixa 2 pela Odebrecht.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Só restou um amigo de Lula, o ex-tesoureiro João Vaccari, que se mantém em silêncio. O outro amigo, José Dirceu, foi abandonado por Lula, que se recusou a retornar os telefonemas dele, no início do Petrolão, quando Dirceu o procurou, através de Paulo Okamotto, do Instituto Lula, porque Lula trocara os números dos telefones. Mesmo assim, traído pelo ex-amigo, Dirceu manteve a coerência e não quis fazer delação premiada. (C.N.)

25 de abril de 2017
Eduardo Bresciani, Renata Mariz e Tiago Dantas
O Globo

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