"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

ONIX TIRA DE MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO CRIME DE RESPONSABILIDADE DE JUÍZES E MP

RELATOR ALEGOU QUE NÃO ERA O MOMENTO DE FAZER ESSE TIPO DE DISCUSSÃO NO CONGRESSO

DELTAN DALLAGNOL, DISSE QUE O RELATOR FOI "SENSÍVEL" AOS APELOS E O NÚCLEO CENTRAL DO PACOTE FOI MANTIDO FOTO: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS


Diante das críticas do Ministério Público Federal, o relator do pacote das medidas anticorrupção, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), retirou do parecer o item que instituía o crime de responsabilidade para magistrados, promotores e procuradores. Falando em evitar constrangimento para as investigações da Operação Lava Jato, o relator alegou que não era o momento de fazer esse tipo de discussão no Congresso.

Onyx reconheceu a polêmica em torno da medida, mas reiterou que futuramente o Legislativo terá de voltar ao tema, mas não no âmbito das 10 medidas de combate à corrupção. "Neste momento consideramos inoportuno essa discussão, que deverá ser feita pelo Parlamento em outro momento", afirmou. O relator disse que não dá para "misturar" ações que querem confrontar as investigações ou calar investigadores com o relatório em discussão na comissão especial da Câmara.

No texto, Onyx propunha novos artigos para a Lei 1.070, de 1950, que trata de crime de responsabilidade. Pela legislação em vigor, o crime de responsabilidade está previsto apenas para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, além de presidente da República, ministros, governadores e secretários estaduais. A lei foi usada para embasar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

Onyx defende que a legislação precisa de ajuste, mas que agora não podem "abrir margem" para questionamentos "a quem faz um trabalho que a sociedade brasileira aplaude de pé".

Os representantes do Ministério Público Federal, em especial a cúpula da Operação Lava Jato, deixou o encontro - de aproximadamente cinco horas - com Onyx satisfeitos com a revogação do item. "Não é o momento de fazer uma discussão tão complexa como essa. Temos problemas com os tipos e com a proposta que estava sendo feita", respondeu José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República.

O coordenador da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, disse que o relator foi "sensível" aos apelos e o núcleo central do pacote foi mantido. Ele ressaltou que eles estavam preocupados com alguns pontos, como o questionamento judicial alegando falta de decoro com a profissão e a possibilidade de abertura de processo por parte dos investigados. "Tudo isso se faz num momento muito delicado em que vemos iniciativas legislativas que são reações contra as investigações", declarou o procurador. Dallagnol disse que eles não se recusam a debater legislação sobre abuso de autoridade ou crime de responsabilidade em relação a servidores, mas ponderou que neste momento histórico não pode haver retrocesso no combate à corrupção.

Mudança


O relator também dará nova redação à medida que trata de ação popular e a formatação das equipes de cooperação internacional. Onyx vai propor que não haja subordinação entre as equipes e sim um revezamento, ora a Polícia Federal coordenando os trabalhos, ora o Ministério Público Federal. O deputado vai se reunir com os técnicos nesta terça-feira, 15, para formatar o novo texto. A ideia é votá-lo na comissão na quarta-feira, 16.

Sobre a criminalização do caixa 2, o relator rechaçou a possibilidade de anistia. "Ou a gente coloca na lei de maneira dura, ou não vamos acabar nunca com caixa 2", declarou. Robalinho completou dizendo que caixa 2 já é crime (pode ser enquadrado no crime de lavagem de dinheiro) e a legislação está sendo aperfeiçoada com o pacote. "Não há que se falar em nenhum tipo de anistia", observou.

O relator também incluiu no pacote mudanças na legislação que trata de acordos de leniência. "O que se propõe é algo sério, diferente da proposta que apareceu de surpresa e não serve aos interesses brasileiros", declarou Onyx, se referindo ao texto que vinha sendo costurado pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE).(AE)



15 de novembro de 2016
diário do poder

Nenhum comentário:

Postar um comentário