"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O PRATO PRINCIPAL DO ALMOÇO: "OPERAÇÃO ABAFA"

NO ALMOÇO OFERECIDO A TEMER POR RENAN, O PRATO PRINCIPAL FOI A "OPERAÇÃO ABAFA"

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Charge do Benett, reprodução da Charge Online











O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), buscou respaldo político do Palácio do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União (TCU) para as ações que tem levado adiante no Congresso Nacional contra o Poder Judiciário e o Ministério Público. As recentes movimentações de Renan foram o principal assunto de um encontro com o presidente Michel Temer, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chefe da Câmara, e Aroldo Cedraz, presidente do órgão de fiscalização de contas.
Em almoço realizado no sábado, 12, na residência oficial do Senado, no qual foram servidos feijoada e caipirinha, participaram também o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE); o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco; o ex-presidente José Sarney; e outros dois ministros do TCU, Bruno Dantas e Vital do Rêgo Filho.
Procuradas, as assessorias de Temer, Renan, Maia e dos demais convidados não retornaram.
SUPERSALÁRIOS – O Estadão apurou que Renan, que deixa a presidência do Senado em fevereiro, tratou do pente-fino que pretende fazer em “supersalários” de servidores do Judiciário e do MP e afirmou que deve anunciar nesta semana um novo relator para o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, que, na prática, limita a atuação de investigadores. A proposta tem sido alvo de críticas da Lava Jato, que apura envolvimento de políticos do PT, PMDB e PP, entre outros partidos, no esquema de corrupção na Petrobrás.
Renan afirmou aos presentes que a comissão criada na quinta-feira para investigar os contracheques de quem ganha acima do teto do funcionalismo vai “incomodar muito”. Ele citou como exemplo a ser investigado o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), onde haveria significativo número de funcionários com altos rendimentos.
SÓ APOSENTADORIA – O presidente do Senado também apontou como contrassenso o fato de, atualmente, os magistrados receberem como “pena máxima” diante de infrações a aposentadoria compulsória. Ele lembrou da decisão de terça-feira tomada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a juíza Olga Regina de Souza Santiago, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Ela é acusada de envolvimento com narcotraficantes e recebeu a aposentadoria. Em sua defesa, Olga tentou justificar o recebimento dos pagamentos alegando que um traficante teria se interessado pela sua casa de veraneio.
Presente nas conversas, Temer ouviu os interlocutores, mas não fez nenhum comentário a respeito.
Apesar do silêncio do presidente, nas avaliações colocadas no encontro e em conversas entre integrantes da cúpula do Congresso, o entendimento é de que o avanço das investigações por parte da comissão servirá para mostrar as “mazelas” do Judiciário, em um momento em que vários setores da sociedade e os parlamentares discutem como implementar o teto dos gastos públicos.
QUEM DEFENDERÁ? – Alguns dos presentes chegaram até a desafiar quem vai à comissão defender o pagamento de “supersalários”, estimados em até R$ 200 mil.
Em meio às argumentações de Renan, o presidente do TCU se colocou à disposição para ajudar no levantamento e cruzamento de dados dos supersalários. O filho de Aroldo, o advogado Tiago Cedraz, é citado em depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Lava Jato. Tiago alega que nunca patrocinou nenhum caso do grupo UTC perante o TCU.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A reportagem é revelador, mas merece tradução simultânea. Detalhe importante: Temer levou Moreira Franco e não chamou Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, circunstância que demonstra mudança de rumo dentro do Planalto. Outro detalhe: o assunto principal foi o desmonte da “operação Abafa” pelo ministro da Transparência, Torquato Jardim, que denunciou sábado em O Globo a inconstitucionalidade do projeto para inocentar empresários, políticos e empresas, através de mudança na Lei da Leniência. Mais um detalhe: foi uma reunião que mais parece formação de quadrilha. Toda essa trama, porém, é inútil. Renan logo deixará a presidência do Senado e o substituto Eunício Oliveira não tem o mesmo jogo de cintura, digamos assim. Quanto a Sarney, participou apenas como peça decorativa. (C.N.)


15 de novembro de 2016
Deu no Correio Braziliense
(Agência Estado)

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