Sergio Cabral é conduzido na garage do edifício no Leblon
Agentes da Polícia Federal e da força-tarefa do Ministério Público Federal do Rio cumprem nesta manhã de quinta-feira dois mandados de prisão preventiva contra o ex-governador Sérgio Cabral – já preso – e outras oito pessoas ligadas ao peemedebista, acusado de liderar um grupo que desviou cerca de R$ 224 milhões em contratos com diversas empreiteiras, dos quais R$ 30 milhões referentes a obras tocadas pela Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia.
ADRIANA ANCELMO – A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo é um dos alvos, porém, ela será levada para depor na sede da PF local em condução coercitiva. Adriana, que deve ser liberada após prestar depoimento, chegou a ter o seu pedido de prisão pelo MPF analisado pela Justiça, mas negado pelo juiz Marcelo Bretas.
Os agentes entraram dentro do apartamento do ex-governador, no Leblon, Zona Sul do Rio. Até o momento dez pessoas foram presas: Cabral, Wagner Jordão Garcia, ex-assessor do ex-governador, o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, com dois mandados de prisão também (temporária e preventiva), e outras sete pessoas.
OUTROS ALVOS – Além de Cabral, que já está na sede da PF, são alvos da operação o ex-secretário estadual de Obras Hudson Braga, e o ex-assessor do governador Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, o Carlinhos, ex-marido de uma prima de Cabral. Outros operadores são alvos da ação: José Orlando Rabelo e Luiz Paulo Reis.
No total, há 34 mandados de busca e apreensão em três cidades além do Rio – Mangaratiba, Paraíba do Sul e Itaipava, e outros 14 de condução coercitiva.
Todos os alvos de prisão preventiva deverão ser levados para a Superintendência da PF no Rio, e após prestarem depoimento, serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exames de corpo de delito.
TUMULTO E PROTESTO – O grupo de intervenção tática da PF disparou gás de pimenta quando os carros da polícia deixaram o apartamento de Cabral. Houve tumulto e protesto de populares que gritavam “Lincha”, “Lincha”, “Lincha”.
Repórteres foram atingidos pelo gás, entre eles, o da TV GLOBO Paulo Renato Soares, que ficou com sérias dificuldades para enxergar.
Autorizada pelos juízes Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, e Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a operação batizada de “Calicute” – referência às tormentas enfrentadas pelo navegador Pedro Álvares Cabral a caminho das Índias – acontece pouco mais de cinco meses depois da estreia da Lava-Jato no Rio e é resultado de uma esforço conjunto do MPF e seus procuradores Lauro Coelho, Eduardo El Hage, Rodrigo Timóteo e José Augusto Vagos, com a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal (Delecor). A ação marca também a inédita cooperação entre a Justiça do Rio e a de Curitiba, responsável pelas 36 fases deflagradas até aqui.
MUITOS CRIMES – Cabral, o ex-governador, é acusado pela Lava-Jato dos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os desvios teriam sido feitos em contratos com as empreiteiras Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, entre outras, em obras como reforma do Maracanã, o Arco Metropoliltano e PAC Favelas em troca de aditivos em contratos públicos.
A investigação teve como ponto de partida as delações de Clóvis Primo e Rogério Numa, executivos da Andrade Gutierrez, feitas no âmbito do inquérito do caso Eletronuclear. Os dois revelaram à força-tarefa que os executivos das empreiteiras se reuniram no Palácio Guanabara, sede do governo, para tratar da propina e que houve cobrança nos contratos de grandes obras.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cabral e Garotinho presos, Adriana e Rosinha a um passo da cadeia. E nem foi preciso chamar os militares. Parece um sonho. Ainda bem que, na democracia, sonhar ainda não é proibido. Enquanto isso, no Supremo, aquela espantosa lentidão judiciária reina, absoluta. (C.N.)
17 de novembro de 2016
Chico Otavio e Daniel BiasettoO Globo
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