Desfaçatez igual, só nos tempos da ditadura militar, quando os detentores do poder mudavam as regras do jogo ao perceber que estavam perdendo. Assim criaram os senadores biônicos, extinguiram os partidos políticos, impuseram o bipartidarismo forçado, estabeleceram a vinculação total de votos e outras barbaridades, tudo para dar a impressão de normalidade institucional.
A farsa continua. O governo Michel Temer mente quando diz acoplar-se ao sentimento nacional de protesto sobre a fixação dos juros em 14.25%. São os maiores do planeta, causa da recessão e do desemprego em massa, que só favorece os bancos.
Pois não é que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, esta semana, levou o COPOM a anunciar a redução de 0.25% dos juros? Índices tão ridículos levarão trinta anos para chegarmos ao patamar dos países desenvolvidos. Os bancos, tanto públicos quanto privados, nacionais e estrangeiros, locupletam-se desses obscenos percentuais que chegam ao cidadão comum na ordem de quase 500% anuais no cheque especial ou no cartão de crédito. Um escândalo. Um roubo que favorece a elite financeira e penaliza quantos integram o sistema econômico nacional.
Fazem os banqueiros pior do que os generais, só que em vez de mudar, mantém as regras do jogo. E sem precisar de fuzis, tanques e metralhadoras.
SEM ESPERANÇA – Virgílio conduziu Dante às portas do inferno, mostrando a inscrição feita para os condenados que por lá passavam: “Deixai toda a esperança, vós que entrais”.
A própria Igreja anda flexibilizando um pouco as condenações eternas. Deixar os outros na fogueira até o final dos tempos pode parecer um exagero, em especial se os crimes cometidos envolvem arrependimento.
24 de outubro de 2016
Carlos Chagas
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