Muita gente na direita brasileira reclama de não ter o poder que almeja. Mas antes de conquistar o poder, é vital merecê-lo durante diversas batalhas na luta pelo poder. Obviamente, isso só irá acontecer quando a direita começar a pensar suas questões em termos de poder.
Não há nada de maligno no “poder”, embora há objeções racionais e seríssimas contra o poder tirânico e totalitário. Poder é a capacidade de fazer alguma coisa. Para um médico conseguir salvar uma vida em uma cirurgia urgente, ele precisa ter acesso à sala onde a operação vai acontecer, sua equipe e instrumentos, como o bisturi. Isso significa poder.
Para cada questão central a ser discutida, basta compreender que o seu adversário de extrema-esquerda quer o poder – de forma tirânica, o que é o problema moral aqui – e, para isso, fará o povo sofrer. Seu objetivo deveria ser tirar o poder tirânico das mãos dele, para reduzir o sofrimento do povo.
Enfim, nosso drama é que muitos dos adeptos da democracia ainda não estão discutindo as questões com ênfase no poder, mas sim em questões laterais que algumas vezes até se relacionam com o tema, mas não o definem.
É mais ou menos assim. Imagine que um sujeito peça o número de seu cartão de crédito, junto com a senha. A questão aqui é uma só: “Você vai deixar que um estranho tenha acesso ao seu dinheiro, podendo fazer o que quiser com ele?”. Ou seja, é uma questão de poder. Ele quer ter o poder de fazer o que quiser com seus recursos. Você vai deixar ou não vai. Esta é a única decisão a ser tomada e o único assunto a ser discutido.
Agora realize o sujeito começando uma discussão dizendo: “Ah, mas existe um novo sistema filosófico dizendo que quando entregamos informações para um estranho, aumentamos a fraternidade universal. Com isso, eliminaremos as guerras”. Em seguida, você diz, a sério: “Interessante, vamos discutir essa fraternidade universal, pois isso me emociona muito”. Mas a questão não era a “fraternidade universal”. Você só terá iniciado a sério esta discussão se tiver sido feito de besta. A questão era uma só: você vai dar o poder para um estranho usar teu dinheiro à vontade? Não há outra questão.
Por exemplo, na questão do ensino médio, por que os petistas estão contra? Porque dependem de uma grade curricular “humanística”, pela qual usam dinheiro público para financiar campanha partidária no lugar de aula. Dinheiro estatal para campanha – desproporcional, em relação aos demais – é poder tirânico, o que eles mais desejam. E por isso eles priorizaram sua luta. Quem ainda acha que essa é uma “luta de ideias” nem percebeu a questão.
O mesmo vale para a questão do “voto em lista fechada”. Se alguém de direita, centro ou esquerda moderada ainda está achando que a questão se refere à “representatividade” ou de “melhor gestão dos recursos”, novamente não entendeu absolutamente nada do que está sendo discutido. Mais uma vez, a única questão relevante aqui é poder.
De novo: não há proposta endossada pela extrema-esquerda que não tenha como fim principal a aquisição do poder tirânico. Se você quiser saber quais propostas mais possuem esta finalidade, é só buscar a “lista” das propostas prioritárias dessa gente.
Como o truque funciona?
É simples. Primeiro é preciso entender que PT e seus aliados principais votam “fechados”. Quer dizer: no dia em que um petista disser “confundir bolacha com biscoito é golpe”, todos dirão exatamente a mesma coisa. E todos os deputados do PSOL, PCdoB, PDT e Rede também. Eles sabem disso. Enquanto isso, ainda há muito fisiologismo nos demais partidos. É por isso que, dentro do PMDB, você tem pessoas como Leonardo Picciani, Roberto Requião, Marcelo Castro, Alberto Pansera e Kátia Abreu, que agem como petistas retintos. No PP, você tem o próprio presidente do partido, Ciro Nogueira, que lutou contra o impeachment.
Você há de se perguntar: “ah, mas agora nós vamos rejeitar esses petistas infiltrados na próxima eleição”. Não! Pois para isso o PT está exigindo o “voto em lista fechada”. É uma alternativa para eles recuperarem poder a partir do infiltramento de seus candidatos nas “listas fechadas” de partidos que não estariam no “bloquinho” deles.
E quem sabe o PT não consegue forçar – talvez não para 2018, mas possivelmente em 2022 – uma “lista fechada” do PMDB com 70% de petistas? Que tal o PT bater o pé e colocar o Waldir Maranhão no topo da lista do PP? Isso certamente vai acontecer. E quando acontecer, o PT retomará o poder, e de modo mais tirânico do que anteriormente.
É o mesmo motivo pelo qual o PT defende tanto o financiamento público de campanha, e até o aumento dessa verba. Uma motivação é que as bestas quadradas que estão em seus partidos adversários não entendem uma lógica que até as crianças já são capazes de assimilar: uma vez que você tenha conquistado um benefício acima dos outros, mas depois o perde, é bom fazer os demais de palhaços e “tirar o benefício de todos”. Assim, o PT ganhou quatro eleições com volumes absurdos de financiamento empresarial. Quando se viu rejeitado pelas empresas, aí decidiu “tirar de todos”. Crianças de 12 a 13 anos não cairiam neste truque. Pois os deputados de oposição ao totalitarismo não só caíram quando ainda vem dizer: “ah, não há clima para discutir o retorno do financiamento empresarial”. O que acontece? Temos adultos fazendo política ou não temos? Não dá para tolerar isso…
Está aí mais uma razão para rejeitar mais “o voto em lista fechada” do que óleo de rícino: devíamos aumentar a conscientização dos adeptos da democracia e passar a discutir as questões relacionadas ao poder. Se deputados e senadores não começarem a priorizar estas discussões, deverão ser rejeitados pelo povo, e não incluídos em “listas fechadas” que atendem os interesses, aí sim, daqueles que pensam o dia e noite lutando por poder tirânico, isto é, a extrema-esquerda.
16 de outubro de 2016
diário do poder
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