Com a vitória de Carter nos EUA, começou o crepúsculo da ditadura no Brasil
No momento em que o grande jornalista Elio Gaspari completa sua obra histórica sobre a ditadura militar brasileira, iniciada em 54 e que teve fim em 85, obra que ficará para sempre na história de nosso país, creio valer a pena acrescentar uma etapa essencialmente importante, que apressou o desfecho no tempo e no espaço. O livro de Gaspari, cumpre destacar, foi excepcionalmente focalizado pelo repórter Thiago Herdy, O Globo, edição de sexta-feira, e também por matérias publicadas na Folha de São Paulo e no Estado de São Paulo.
A revolta militar contra o regime democrático começou em 64, processo iniciado pela renúncia de Jânio Quadros em 61. As correntes ligadas à UDN, que tinham Carlos Lacerda como líder, opunham-se basicamente a Getúlio Vargas. Perderam com a revolução de 30, com a Constituinte de 34, nas urnas de 45, na volta triunfal de Vargas em 50. E a tragédia de 54 foi logo sucedida com a vitória de Juscelino Kubitschek em 55.
Em vão o antivarguismo empenhou-se para impedir a posse de JK.
JÂNIO RENUNCIOU
Mas veio 60. Nas urnas, pela primeira vez, o antivarguismo alcançou o poder. O que o presidente eleito fez? Jânio Quadros renunciou ao tentar um golpe e, com isso, devolveu o poder exatamente ao varguismo que ressurgiu com João Goulart. A corrente militar, perplexa, afastou-se do caminho das urnas. Pois nas urnas perderam e, quando venceram, o vitorioso devolve o poder àquele que se presumia herdeiro de Vargas. Não era. Mas parecia.
Castelo Branco tentou o roteiro democrático. Costa e Silva impediu e o sucedeu. Costa e Silva viria a ser deposto a partir do Ato 5, dezembro de 68. Veio Médici, perdeu para a facção considerada intelectual de Ernesto Geisel. João Figueiredo foi o denominador entre Geisel e a tropa. Mas nessa passagem de poder, emergiu um fato inesperado: a vitória de Jimmy Carter nas urnas de novembro de 76.
CONTRA AS DITADURAS
Em sua campanha, carter condenou frontalmente a ditadura militar brasileira e a de Pinochet no Chile. Referiu-se às perseguições, às torturas, à censura à imprensa. Os debates de que participou contra Gerald Ford foram transmitidos pelas emissoras de televisão. A vitória de Carter deixou claro que Washington não mais apoiava regimes ditatoriais de exceção.
Foi, como está no título deste artigo, o início do crepúsculo do regime militar no Brasil. João Figueiredo propôs e sancionou a Lei de Anistia em 79.
No dia 30 de abril de 81, viria a ser parcialmente imobilizado pelos grupos radicais com o imundo atentado do Riocentro. Não teve força para punir os culpados. O poder militar ss dividia. Dessa divisão surgiria a histórica campanha pelas Diretas Já. As multidões nas ruas exigiam a mudança do sistema de poder.
CAPÍTULO FINAL
A candidatura de Tancredo Neves e a imprevista posse de José Sarney formaram o desfecho e a superação do capítulo final da longa noite dos generais. O jornalista Carlos Chagas, em sua obra também de grande importância para a história, focalizou bem o tema e o consolidou na memória nacional.
Agora Elio Gaspari encerra mais um ciclo. Pleno de documentos que lhe foram reservados pelo general Golbery do Couto e Silva, abre as cortinas para adições, revisões, confirmações, detalhes, retificações. A história se escreve assim, como os séculos revelam e demonstram. Os jornais são a sua maior fonte. As observações acrescentam, as traduções das sombras iluminadas por interpretações, também.
VOLTA À DEMOCRACIA
Este artigo exalta a produção de Gaspari, o maior intérprete de política brasileira de agora. Apenas acrescenta, o que para mim, foi decisivo: a vitória de Jimmy Carter nos EUA, sua chegada à Casa Branca, mudou o rumo do quadro brasileiro. Encerrava-se o tempo da ditadura. Amanhecia o tempo da volta à democracia.
05 de junho de 2016
Pedro do Coutto
05 de junho de 2016
Pedro do Coutto
A Parábola das Quatro Esposas e a lição de Buda sobre a impermanência da vida
Dentro dos Sutras Agama (os mais antigos dos textos canônicos budistas) há esta parábola que considero preciosa, quanto mais leio mais reflito na impermanência da vida.
Conta-se que, na antiguidade, um poderoso rei, já no leito de morte, convidou as quatro mulheres permitidas pelas leis de então para despedir-se. Veio a primeira dama e ele perguntou se ela estava pronta para ir com ele, para o outro lado da existência?
A rainha disfarçou, disse que o amava muito, mas era impossível, precisava cuidar do reino e tal.
Decepcionado, o rei mandou chamar a segunda esposa e fez a mesma pergunta. Ela tossiu, olhou para um lado, olhou para o outro e disse que não tinha forças para tanto.
Começando a compreender melhor a natureza humana, o rei convidou a terceira dama, fez a mesma pergunta. Ela explicou que, em vida, amaram-se demais, entretanto agora, no apagar das luzes, ele teria que ter forças e partir sozinho.
O rei ponderou bastante e deu ordens para a quarta dama se fazer presente. A mesma pergunta. E para surpresa dele ela disse: “Sim… Irei com você sempre, para qualquer lugar, nunca me afastarei de ti”.
Sidarta Gautama, o Buddha, muito sábio disse que todo homem tem quatro esposas, e as mulheres quatro maridos. E explicou:
A primeira esposa é o nosso corpo, cuidamos sempre dele, o máximo que podemos, às vezes também, maltratamos com exageros prejudicando a saúde.
A segunda esposa são os bens materiais, a fortuna, a fama, aquilo que o dinheiro proporciona.
A terceira esposa são os filhos, os familiares, os parentes, colegas de trabalho, comentaristas do blog TI etc…
A quarta é a última que nos acompanha eternamente, chama-se Alaya (em sânscrito, Consciência). Indelevelmente ligada à Lei de Causa e Efeito, o Carma Negativo ou Positivo, é a Justiça Divina, por isso, todas as religiões, de uma forma ou de outra afirmam que Deus (consciência) está dentro de nós, da nossa mente, do nosso coração.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Antonio Rocha estuda, pesquisa e pratica o Budismo há 47 anos. Minha mulher e minha filha também são budistas. Eu aprecio muito a Teoria da Impermanência, que tenta explicar a vida e a morte, já que nada é permanente. Mas tenho a mania de gostar de todas as religiões. E acho que Antonio Rocha também é assim, que Deus nos perdoe. (C.N.)
05 de junho de 2016
Antonio Rocha
Antonio Rocha
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