"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 4 de junho de 2016

DEPOIS DE DAR UM PREJUÍZO DE US$ 1 BILHÃO À PETROBRAS, PARENTE ESTÁ DE VOLTA


Pedro Parente recebe uma segunda chance






















O Conselho de Administração da Petrobras avalizou a escolha de Pedro Parente para a presidência da Petrobras. Pela primeira vez, o indicado do acionista majoritário  (União) teve que passar pelo chamado “teste de integridade”. Durante os últimos anos o novo presidente da Petrobrás, Pedro Parente, esteve participando de importantes cargos executivos, exclusivamente em empresas privadas.
Mas Pedro Parente retorna justo agora, quando já estava baixando a poeira dos processos judiciais contra ele, nos quais foram questionadas as onerosas decisões tomadas durante a gestão da crise da energia de 2000 (o famoso “apagão” do governo Fernando Henrique Cardoso).
Conhecido como “ministro do apagão”, Parente coordenou o comitê responsável por administrar a crise de energia elétrica de 2001, resultado de falta de planejamento, falta de investimentos e privatização do setor elétrico.
Com isso os holofotes se dirigem para ele novamente, arriscando-se a voltar ao inferno astral de julgamentos, defesas e advogados. Circula até a informação de que a família de Parente não queria que aceitasse o aceite de Temer, com receio da ressuscitação do caso das termelétricas, mesmo quando garantida a inocência ou impunidade, seja qual for o caso.
A CRISE DO APAGÃO
No início dos anos 2000, após décadas sem investimento algum, a fantástica matriz energética brasileira, inédita no mundo por ter mais de 80% de energias renováveis, havia finalmente chegado ao limite de sua saturação: o consumo subiu, sem o equivalente aumento da geração.
Como energia elétrica e vento não se estocam, a produção tem que ser exatamente igual à demanda, senão ocorre  apagão. Sem pestanejar, a opção mais veloz era a termoelétrica: rápida e suja. Para ser menos suja, termoelétricas a gás. Caso não dê tempo, termoelétricas diesel ou flex (diesel-gás). Em qualquer dos casos, entrou em cena um importante ator: a Petrobras, para fornecer o combustível.
GARANTIA DE LUCRO
Como era exigida celeridade, foram chamados os empresários empreendedores, aqueles que têm instinto animal.
Sem meias palavras, os empresários afirmaram ter um sério compromisso com o Brasil, porém mais sério ainda com o próprio bolso. Investiriam nas termoelétricas, mas somente se o governo garantisse um lucro mínimo. É o equivalente à famosa “Cláusula Marlim” da refinaria de Pasadena. Se a termoelétrica der lucro, o lucro é do empreendedor. Por outro lado, se der prejuízo, o empresário continua tendo lucro. Ou seja, o que faltar para que exista lucro será bancado pela União.
E por decisão do então ministro Parente (gestor da crise), o avalista da operação foi… a Petrobras.
UM MÍNIMO GRANDE
O contrato tinha cláusula de lucro mínimo tão grande que dá vontade de chamar de lucro máximo. Em um período de apenas 10 anos, estava garantido que as empresas recuperariam quase três vezes o valor investido (no mínimo).
Todos os empreendedores (entre os quais a MPX, de Eike Batista) aceitaram triunfantes e, de fato, as térmicas foram construídas e foi resolvida a crise energética por alguns anos, dando tempo para retomar os investimentos em geração de grande porte (como a controversa Belo Monte).
Mas essa solução causou um rombo no caixa da Petrobras de US$ 1 bilhão, em pagamentos feitos pela Petrobras, a título de lucro mínimo, por conta das usinas térmicas que foram avaliadas em apenas US$ 800 milhões, vejam como o governo podia ser generoso.
UM EXCELENTE ACORDO
Posteriormente, o então diretor da Petrobras Ildo Sauer, em um ato corajoso, iniciou um processo de arbitragem destes contratos. Nesse litígio, Sauer conseguiu um acordo extraordinário: pagar uma parcela reduzida do lucro futuro e ainda direito de comprar as usinas.
Desta forma, ao invés de pagar três vezes o valor das usinas em 10 anos e acabar sem nada, a Petrobras pagou 2,5 vezes o valor das usinas e acabou como proprietária delas usinas. Nas palavras do próprio diretor Ildo Sauer: “Convertemos um escândalo num mau negócio”.
TESTE DE INTEGRIDADE
Apesar do prejuízo causado diretamente à Petrobras, Pedro Parente passou no teste de integridade no Conselho Administrativo da estatal.
Aparentemente, foi entendido que, após gerar um prejuízo de US$ 1 bilhão (ou “1 Pasadena” em moeda corrente) ele aprendeu com seus erros e merece uma segunda chance na empresa. Ou talvez, para ser reprovado no teste de integridade do Conselho, fosse necessário causar um prejuízo maior ainda que uma Pasadena.
REVISÃO DA PARTILHA
Em seu discurso de posse, Pedro Parente fez lobby explícito à proposta da revisão da partilha, dando calafrios à ala mais nacionalista dos empregados (como, por exemplo, a AEPET, Associação dos Engenheiros da Petrobras). Parente também manifestou apoio ao retorno dos leilões e aumento das parcerias (participação de outras empresas em blocos em produção). No ar fica uma inquitetante: Como Pedro Parente usará sua segunda chance?

04 de junho de 2016
Carlos Newton

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