Osório, da AGU, virou alvo porque apoia a Lava Jato |
Já faz tempo que não se vê uma intriga palaciana como a que foi montada para derrubar o novo advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, que começou o dia de sábado demitido e no meio da tarde já estava reintegrado pelo presidente Michel Temer. A demissão foi “plantada” através do colunista Jorge Bastos Moreno, de O Globo, que tem preciosos informantes dentro do Planalto.
A nota atribuía a demissão a uma suposta “carteirada” para usar jatinho da FAB e à ausência do AGU em Brasília, quando Dias Toffoli aceitou liminar contra a demissão do presidente da EBC nomeado por Dilma no apagar das luzes de seu governo.
Em cima da nota de Moreno, ao meio-dia a redação do Globo reescreveu o texto para confirmar demissão, acrescentando alguns detalhes. E a notícia seguiu em frente.
ESTADÃO TAMBÉM “DEMITE”
A intriga tomou vulto com uma reportagem de Tânia Monteiro, no Estadão, também baseada na nota de Moreno e complementada com diversas declarações de “assessores palacianos”, com informações sobre pretensos e graves problemas causados a Temer pelo atual advogado-geral da União.
Eis que entra em cena o blog “O Antagonista”, que desmente tudo e revela que o próprio presidente Temer ligou para Medina Osório e desmentiu a demissão.
Logo em seguida, o advogado-geral da União divulgava uma nota oficial esclarecendo que tem status de ministro e direito a transporte, não ocorreu “carteirada” no aeroporto,o jatinho fora solicitado com um dia de antecedência, não houve reclamação da FAB, e ele estava acompanhado no voo por um procurador da União e dois assessores, que testemunharam tudo.
APOIO À LAVA JATO
Interessante notar que a suposta demissão foi “vazada” justamente quando Medina Osório fez palestra em defesa da operação Lava Jato, durante evento da Associação dos Juízes Federais do Brasil, em Curitiba, quando foi elogiado pelo juiz Sérgio Moro, que destacou sua qualificação e seu empenho no combate à corrupção sistêmica.
Realmente, o ministro da AGU é considerado o maior especialista do país em leis sobre corrupção e improbidade administrativa, com vários livros publicados, e atualmente preside o Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado (IIEDE).
Detalhe curioso: quando Osório fez palestra na Comissão do Impeachment, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse aos colegas de partido, que usavam os computadores em busca de informações para atacá-lo: “Não adianta, não há nada contra ele na internet. É uma celebridade, vamos ouvir o que ele vai falar”.
INFORMAÇÃO “PLANTADA”
O jornalista Jorge Bastos Moreno é um jornalista muito sério e respeitado. Foi vítima de um informante qualificado, com trânsito total no governo Temer, que lhe passou uma notícia absolutamente inverídica. Moreno não revela a fonte, é claro, mas tem relações diretas com Temer vai tomar providências.
Mas já se sabe que, por incrível que pareça, essa notícia para desestabilizar Medina Osório partiu do próprio Palácio do Planalto.
Sabe-se também que o advogado-geral da União se tornou alvo dessas manobras por conta das iniciativas anticorrupção que vem adotando. Em especial, por sua proximidade com a força-tarefa da Lava Jato e seu excelente convívio com o juiz Sergio Moro. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.
04 de junho de 2016
Carlos Newton
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