"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 21 de maio de 2016

NA HORA DE FAZER AS REFORMAS, É PRECISO ACERTAR NOS PERDEDORES

Charge do dia 21-05

Michel Temer e o Congresso que o colocou na Presidência têm pela frente a enorme tarefa de ajustar as contas públicas. Parcelas da sociedade terão de pagar por isso. Como haverá perdedores, é melhor eles sejam as pessoas certas. A concentração de renda no Brasil é horrível não apenas por ter começado lá atrás, mas por ser reforçada há décadas.
Os deputados e senadores que agora terão o poder de votar a perda de privilégios de alguns não o fizeram antes mais em função da influência de grupos organizados do que para proteger a maioria dos eleitores, que é pobre.
No Brasil, é bom lembrar, só 6% das famílias têm renda superior a R$ 8.000 por mês. Mais de 60% vivem com menos de R$ 2.500, segundo estratificação do Datafolha.
OS MAIS POBRES
Os mais pobres gastam quase tudo o que ganham em transporte e sobretudo alimentos, em que já incide uma carga tributária média de 30%.
Ainda assim, eles deveriam dar sua cota de sacrifício neste ajuste. Não podendo se aposentar aos 55 anos, por exemplo, quando essa média nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)  é 65 anos.
Entre outras, esta é uma das razões pelas quais a Previdência Social fechou 2015 com um rombo de R$ 86 bilhões (1,5% do PIB). Por trás desse déficit há quase 30 milhões de brasileiros beneficiados por um dinheiro que alguém terá de pagar no futuro.
E OS SERVIDORES?
Mas o rombo provocado por esses 30 milhões não é muito maior do que o de R$ 73 bilhões (1,2% do PIB) de apenas 1 milhão de servidores federais civis e militares que estão na previdência do setor público.
Lula e Dilma tomaram algumas medidas para reduzir esse absurdo, mas a questão demandaria ainda uma nova rodada de perdas entre os eles.
Ao assumir o Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles disse que o mais importante neste momento é começar a dizer a verdade sobre as contas públicas.
CONCENTRAÇÃO DE RENDA
Se é verdade que os governos Dilma e Lula promoveram uma inédita distribuição de renda em 13 anos de PT, também o é o fato de terem patrocinado uma enorme concentração de riqueza na outra ponta. Só em subsídios via créditos do BNDES a empresas, foram mais de R$ 120 bilhões em oito anos.
O “time dos sonhos” que Meirelles montou na economia parece saber quem deve perder mais neste ajuste. A dúvida é se terá sustentação do entorno político e fisiológico que ungiu Temer no momento em que a conta for apresentada.

21 de maio de 2016
Fernando Canzian

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