Em editorial publicado nesta quinta-feira (12), o jornal americano The New York Times defendeu que a presidente afastada, Dilma Rousseff, pode “pagar um preço desproporcionalmente grande por irregularidades administrativas enquanto vários de seus detratores mais ardentes são acusados de crimes mais escandalosos”. Para a publicação, embora seja discutível dizer se Dilma cometeu algum tipo de crime, não há evidências de que ela abusou do poder para ganho próprio.
“Já muitos dos políticos que estão orquestrando sua deposição foram atrelados a um grande esquema de propina e outros escândalos”, diz o texto, assinado pelo conselho editorial do jornal.
O The New York Times citou argumentos frequentemente usados por defensores da petista, destacando que o presidente interino, Michel Temer, pode ficar inelegível após condenação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que o deputado Eduardo Cunha, que conduziu o processo de impeachment na Câmara, foi afastado de seu mandato pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por responder a denúncias de corrupção.
Além disso, o jornal afirmou que as chamadas pedaladas fiscais de que Dilma é acusada foram cometidas por outros governantes sem que eles tenham sofrido o mesmo escrutínio.
“Muitos suspeitam, porém, que os esforços para remover Dilma têm mais a ver com a decisão dela de permitir que procuradores sigam adiante com investigação de esquema na Petrobras”, diz o texto. “O escândalo atingiu mais de 40 políticos, inclusive altos líderes do PT de Dilma”.
A publicação levanta a hipótese de que, sem a presidente, fique mais fácil retomar a política de pagamento de propinas. “Isso seria indefensável”, defende.
O The New York Times se posicionou pela realização de novas eleições caso a presidente perca definitivamente seu mandato após julgamento a ser feito pelo Senado Federal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Sem querer me gabar, até porque elogio em boca própria é vitupério, não resisto à necessidade de lembrar que em meu artigo desta quinta-feira expliquei detalhadamente por que os estrangeiros não conseguem entender a política brasileira.
Vejam bem.
Segundo o ensandecido editorial do NYT, fica parecendo que foi Dilma quem mandou investigar a corrupção na Petrobras, embora tenha ocorrido exatamente o contrário e ela já tenha sido até denunciada pela Procuradoria-Geral da República, sob acusação de tentar interferir no Superior Tribunal de Justiça para libertar empreiteiros corruptores. O jornal americano diz também que Temer será condenado pela Justiça Eleitoral, quando a acusada é Dilma e ele está entrando de gaiato nesse processo.
Portanto, desculpem a falta de modéstia, agora está mais do que comprovado que os estrangeiros não conseguem mesmo entender o Brasil.(C.N.)
15 de maio de 2016
Deu na Folha
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