"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

MORO: É POSSÍVEL QUE PETROLÃO ESTEJA RELACIONADO COM ASSASSINATO DE CELSO DANIEL

JUIZ AFIRMA QUE EMPRESÁRIO RONAN PINTO CONTRIBUIU PARA A OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA

É POSSÍVEL QUE ESQUEMA ALVO DA OPERAÇÃO CARBONO TENHA RELAÇÃO COM MORTE DE CELSO DANIEL, REVELA O JUIZ SÉRGIO MORO (FOTO: ITAMAR MIRANDA/AE)


Na decisão em que autorizou a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto, nesta sexta-feira, no âmbito da Operação Carbono, o juiz Sérgio Moro argumentou que “é possível” que o esquema de corrupção da Petrobras, investigado na Operação Lava Jato, “tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT)”. A 27ª fase deflagrada nesta sexta-feira, 1, também prendeu o empresário e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.

Moro acredita que propina do petróleo tenha comprado o silêncio de Ronan, dono do Diário do Grande ABC, como alegou o operador Marcos Valério, preso no mensalão, em tentativa de delação premiada. Ronan foi o beneficiário final de um empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin. Valério disse que R$ 6 milhões foram repassados porque ele ameaçava envolver figurões do PT nas investigações do assassinato de Celso Daniel.

“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”, escreve Moro.

No despacho em que determinou a prisão dos dois alvos, e a condução coercitiva de outras duas pessoas ligadas ao PT – o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman –, Moro cita um depoimento prestado pelo irmão de Celso Daniel, Bruno José Daniel, ouvido pelos procuradores da Lava Jato em janeiro.

“Relatou em síntese que, após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores. O fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior (ex-ministros de Dilma). O destinatário dos valores devidos ao Partido dos Trabalhadores seria José Dirceu de Oliveira e Silva”, registra Moro. “Levantou (o irmão de Celso Daniel) suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão. Declarou não ter conhecimento do envolvimento de Ronan Maria Pinto no episódio ou de extorsão por ele praticada contra o Partido dos Trabalhadores.”

Celso Daniel

O operador do mensalão Marcos Valério afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal, em 2012, que o PT teria pedido a ele que providenciasse R$ 6 milhões para destinar a Ronan Maria Pinto. Segundo Valério, o empresário estaria chantageando o ex-presidente Lula, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu. Ele teria informações comprometedoras a revelar sobre a morte de Celso Daniel.

Em nota, a assessoria de imprensa de Ronan Maria Pinto diz que ele "sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da operação Lava Jato" e que "todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido".



01 de abril de 2016
diário do poder

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