Na sua arrogância e prepotência, o ministro sem pasta Luiz Inácio Lula da Silva pensou que poderia virar o jogo, manter o PMDB na base aliada e convencer outros partidos importantes, como PP, PR e PSB, a rejeitarem o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas tudo era uma grande ilusão de sua postura megalomaníaca. Lula chegou cheio de gás em Brasília, na terça-feira, e logo iniciou os encontros com dirigentes dos partidos que aparentemente ainda fazem parte de base aliada. Foi um decepção. Nenhum deles aceitou apoiar Dilma na votação do impeachment.
A resposta foi sempre a mesma: o Diretório Nacional ainda não decidiu, vamos aguardar mais um pouco, temos de ouvir as bases, e por aí em diante. Enquanto isso, os assessores do Planalto fazem e refazem os cálculos das expectativas da votação na Câmara, que será no próximo dia 17 ou, no mais tardar, no dia 24 de abril, embora já se especule que possa ser no feriado do dia 21, dedicado a Tiradentes.
Como se sabe, o Planalto só tem garantidos os deputados das bancadas do PT, PCdoB, PSOL e PDT. Representam um total de apenas 96 votos, mas há possibilidades de defecções, especialmente no PDT, que na hora da verdade não vai querer segurar a alça do caixão. Portanto, o Planalto tem de se virar para arranjar mais uns 100 deputados dispostos ao sacrifício de apoiar um governo que nem existe mais, uma missão impossível até para Tom Cruiser, e Lula não está mais em idade de fazer aventuras.
SEM OS EVANGÉLICOS
No desespero, Dilma está oferecendo o céu e a terra, mas o chão vai desmoronando aos seus pés. Os deputados evangélicos são importantíssimo para evitar o impeachment, mas não querem mais assunto, especialmente com Lula, que voltou a ridicularizar os “crentes”, em recente conversa grampeada com o prefeito carioca Eduardo Paes. Aliás, em oportunidades anteriores, os dois personagens da reveladora gravação já haviam expressado uma visão pouco respeitosa em relação aos evangélicos.
Desde sua criação, na Constituinte, a Frente Parlamentar Evangélica tem muita importância no Congresso. Reúne deputados e senadores dos mais diversos partidos, e eles não esquecem que Lula, em 21 de maio do ano passado, em evento promovido em São Paulo pela Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), fez a seguinte afirmação:
“Os pastores evangélicos jogam a culpa em cima do diabo. Acho fantástico isso. Você está desempregado, é o diabo, está doente, é o diabo, tomou um tombo, é o diabo, roubaram o seu carro, é o diabo”, disse o ex-presidente, arrancando gargalhadas da plateia. “Eu acho legal (culpar o diabo) porque é direto. Não tem nem investigação. É direto. O culpado está ali. É a teoria do domínio do fato”, acrescentou Lula.
Ainda não satisfeito, Lula ridicularizou também a cobrança de dízimo pelos pastores. “E a solução é Deus. Paga o seu dízimo que Jesus salvará”, afirmou.
Nada como um dia atrás do outro, diz o ditado. Agora, Lula precisa desesperadamente do apoio dos 90 parlamentares evangélicos do PR, PRB, PSC etc. e tal.
O NÚMERO É 171
A liberação das respectivas bancadas pelo PSD, PR, PP e outros partidos da base aliada deverá dificultar ainda mais o trabalho de Lula para salvar Dilma Rousseff do impeachment. A presidente precisa de pelo menos 171 votos para barrar o impeachment na Câmara.
Vários veículos de comunicação e experientes jornalistas têm divulgado erroneamente que o governo precisaria contar com 172 votos na Câmara. Na verdade, o número é mesmo 171, porque o presidente da Câmara, segundo o Regimento Interno, não tem direito de votar. E o resto é paisagem, como dizia o genial escritor Érico Veríssimo.
01 de abril de 2016
Carlos Newton
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