Depois de presidente afastado da maior empreiteira do País divulgar publicamente, nesta terça-feira, 22, que busca delação premiada com a Lava Jato, força-tarefa em Curitiba diz que ‘acordos de leniência e de colaboração premiada somente são possíveis com o completo desvelamento, por parte dos envolvidos, dos fatos criminosos que já são investigados, além da revelação plena de outras ilegalidades’
O Ministério Público Federal, em Curitiba, divulgou nota nesta quarta-feira, 23, em que nega a existência negociação de acordo de colaboração premiada com executivos do Grupo Odebrecht e que “a simples intenção demonstrada não tem o condão de descaracterizar a contínua ação” da empresa “em obstruir as investigações em andamento” dentro da Operação Lava Jato
NOTA OFICIAL
“O Ministério Público Federal, diante da nota emitida pelo Grupo Odebrecht em 22 de março de 2016, bem como da sua repercussão na imprensa, vem esclarecer:
1. não existe sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht;
2. a simples manifestação dessa vontade pela imprensa, seja por indivíduos, seja por qualquer grupo empresarial investigado, não possui qualquer consequência jurídica, motivo pelo qual as investigações e atos processuais continuarão em andamento;
3. a divulgação de qualquer intenção de acordo através de imprensa fere o sigilo das negociações exigido pela lei para a celebração do acordo;
4. a simples intenção demonstrada não tem o condão de descaracterizar a contínua ação do Grupo Odebrecht em obstruir as investigações em andamento, como ficou caracterizado na recente 26ª fase da Operação Lavajato, com a tentativa de destruição de seu sistema de controle informatizado de propina;
5. o Ministério Público Federal mantém o entendimento de que acordos de leniência e de colaboração premiada somente são possíveis com o completo desvelamento, por parte dos envolvidos, dos fatos criminosos que já são investigados, além da revelação plena de outras ilegalidades que tenham cometido e que ainda não sejam de conhecimento das autoridades, e da reparação mais ampla possível de todas essas ilegalidades.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A nota está se referindo apenas ao presidente Marcelo Odebrecht, que se relacionava direto com o alto escalão da República. A presidente Dilma Rousseff inclusive fez pressão para libertá-lo, segundo o minucioso depoimento do senador Delcídio Amaral. Quanto a Odebrecht, a delação premiada já começou, através da secretária do “Departamento de Propinas” e do presidente de uma das subsidiárias, que estão fazendo revelações sensacionais. Em tradução simultânea, esta nota oficial revela apenas que, para aceitar a delação premiada específica de Marcelo Odebrecht, o Ministério Público Federal exige que ele realmente conte tudo o que ele sabe sobre Lula, Dilma e outros destaques da política. (C.N.)
24 de março de 2016
Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt
Estadão
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