"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 24 de março de 2016

ESTÁ TUDO RUIM, MAS PODE FICAR MUITO PIOR



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Reprodução da internet











Os últimos dias do Brasil em que estamos nos dão conta de que caminhamos para um novo mundo, talvez inspirado em Santo Agostinho, de gente pura e santa. Ninguém erra e só se conhece a verdade.
A operação Lava Jato entregou como presente, amarrado com um laço de fita, as gravações pinçadas de conversas de Lula com Dilma e com um batalhão de outros interlocutores, revelando a avaliação que ele, Lula, faz do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Ministério Público, da Polícia Federal, da Câmara e do Senado. Mais não falou porque não lhe fora perguntado.
Parte da sociedade foi para as ruas, com suas causas e palavras de ordem, buscando a deposição imediata da presidente Dilma, a prisão de Lula, sua mulher e filhos e ainda de uns poucos políticos que receberam dinheiro roubado pelas empreiteiras da Petrobras.
Outro grupo, organizado pelo PT, também levou às ruas seu protesto em apoio especialmente a Lula, sua posse, sua mulher, filhos e a presidente Dilma. Nada de mais. Era o esperado.
COM AS ARMAS DISPONÍVEIS
Algumas coisas, contudo, não estão consideradas no seu conjunto ou pelo menos estão interpretadas com parcialidade. Desconhece-se que está em jogo uma guerra de poder, com o uso das armas disponíveis. A indicação de Lula para o ministério, como forma de preveni-lo de uma eventual prisão pelo juiz Sérgio Moro, se feita num outro momento seria, se não aceitável pelo menos, menos traumática.
Vários parlamentares renunciaram aos seus mandatos na Câmara e no Senado, para escaparem do julgamento pelo STF, no processo do mensalão, temendo sua condenação, buscando a proteção da morosidade dos Juizados estaduais. Se tivessem sido igualmente escutados nas suas conversas, que juízo estariam fazendo de Joaquim Barbosa? Adivinhem.
Algum investigado ou réu, fala bem do delegado de seu inquérito, do promotor que o acusa ou ama o juiz que lhe pode requerer a prisão preventiva? O que a sociedade brasileira pensa das instituições e seus membros listados nas conversas de Lula? Alguém, em sã consciência, pensa bem de Renan Calheiros e de Eduardo Cunha? Alguém acha que a Justiça brasileira é sempre eficiente, julga com presteza as demandas da sociedade?
E mais: como se sustentam as campanhas políticas no Brasil? As verbas e os favores que recebem as campanhas dos hoje opositores ao governo Dilma, vindas das mesmas empreiteiras investigadas foram retirados de onde? De um outro caixa, do caixa puro e santo da sacristia, não conspurcado pela corrupção, pelo superfaturamento das obras públicas?
NÃO SEJAMOS HIPÓCRITAS
Quem, de todos que detêm mandatos, se apresenta para ser investigado com as mesmas lupas hoje usadas pelo juiz Sérgio Moro, pelo atual MP e pela PF? De onde vieram os recursos para que fossem aprovadas no Congresso, em cada um de seus momentos, tantas manobras que forjaram regras econômicas, concessões diversas e mudanças da Constituição? Foram debates de ideias? Não sejamos hipócritas.
O juiz Sérgio Moro, o MP e a Polícia Federal que lhe servem estão de parabéns pela sua coragem em abrir baús tão enterrados. Mas que sejam imparciais com todos os suspeitos e investigados nas próximas fases de sua histórica operação. E rápido, porque o Brasil parou, a economia estagnou, não há investimentos, falta trabalho, casa e comida; sobram insegurança e dificuldades. Está tudo muito ruim. Mas pode piorar muito mais.
24 de março de 2016
Luiz TitoO Tempo

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