Renunciar, ele não vai. Nem à presidência da Câmara nem ao mandato. Não há instrumento jurídico no regimento interno para proporcionar seu imediato afastamento da direção dos trabalhos, à exceção da renúncia. A cassação, pela via do Conselho de Ética, é demorada. Sendo assim, só existe uma saída para os que querem imediatamente ver Eduardo Cunha pelas costas: a condenação dele pelo Supremo Tribunal Federal como incurso num dos crimes ligados à Operação Lava Jato. Seria automática a perda do mandato, ainda que também levasse tempo.
Depois da denúncia pelo Procurador-Geral da Republica, se aceita, seguir-se-á um processo onde o direito de defesa prevalece. Precisará ser provado o recebimento de propina saída de contratos da Petrobrás e a participação do deputado nos negócios podres celebrados pela empresa. Sendo assim, prevê-se a permanência do personagem na chefia da mesa da Câmara até o final do período para o qual foi eleito, no final do próximo ano.
A pergunta que se faz é dupla: o Legislativo aguenta o monumental desgaste? Eduardo Cunha utilizará os mecanismos a seu dispor para promover o processo de impeachment contra a presidente Dilma, combatendo um escândalo com outro?
Para a nação, o descrédito nas instituições. Para o cidadão comum, a impressão de que governantes, políticos, empresários e altos funcionários públicos chafurdam-se na mesma lama, realidade certamente exagerada mas impossível de ser evitada.
Já foi dito mas vale ser repetido: só a união nacional funcionaria como antídoto para tanta lambança, mas como promovê-la se inexistem entidades em condições para tanto? Não será através de partidos políticos que chegaremos lá. Nem por meio de sindicatos, corporações, associações de classe, religiões e sucedâneos. Sobra o Judiciário, apesar de seu ritmo e até de seus vícios. Nos idos de 1945, com a ditadura do Estado Novo posta em frangalhos e novos ventos varrendo o planeta, mais do que um slogan, surgiu uma solução: “todo o poder ao Judiciário”. Era a tábua de salvação para aquele momento. Quem sabe voltará a ser?
MAIS UMA GAFE
Não dá para contar o número de gafes que Madame vem fornecendo. Esta semana as redes sociais estão distribuindo aos montes a gravação de discurso por ela pronunciado nas Nações Unidas, quando sugeriu que o vento deveria ser estocado. Pois tem outra, aliás, mais grave. Acusou as oposições de tramarem um golpe democrático entre aspas, à maneira do que fizeram no Paraguai. Isso num momento em que muitas empresas brasileiras cruzam a fronteira em busca de melhores negócios. O governo paraguaio não reagiu, talvez por educação ou por interesse. Mas poderia…
11 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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