"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de outubro de 2015

A MELHOR MANEIRA DE NÃO SE RESOLVER NADA É CONVOCAR UMA REUNIÃO

Depois da decisão do TCU, a reunião ministerial. Para quê? Para nada…

Esta frase atravessa a névoa do tempo, tem dezenas de autores, o que torna impossível identificá-los, nasceu no espaço político e está cada vez mais atual, principalmente no Brasil. 
A turma infindável, adepta do talking about, pratica com perfeição o esporte de reunir. 

Nesse plano se resolve tudo (falar sobre assuntos diversos é fácil), executar as soluções é que é o problema. 
Para comprovar essa colocação basta assistir a debates sobre economia na televisão. Limitam-se a desenvolver teorias. São adversários da prática.

Aliás a teoria na prática é outra coisa, como dizia – seu autor eu me lembro – o senador Benedito Valadares, que, entre seus méritos, teve o de nomear Juscelino Kubitschek prefeito de Belo Horizonte, por volta de 1940, durante a ditadura de Getúlio Vargas. 
Valadares era governador interventor de Minas Gerais. 
A ditadura da época durou de 1937 a 29 de outubro de 1945, quando o ditador foi derrubado pela redemocratização do país.

Mas estou me afastando do assunto, do ponto central. 
Falei da inutilidade da grande maioria das reuniões. 
A reunião ministerial convocada pela presidente Dilma Rousseff, na tarde de quinta-feira, no Palácio do Planalto, destacada no dia seguinte pela reportagem de Valdo Cruz, Gustavo Uribe, Marina Dias e Isabel Versiani, na Folha de São Paulo, edição de 9, é um exemplo marcante.

UM VAZIO DE IDEIAS

Realizada para analisar os reflexos da decisão do TCU sobre as contas públicas de 2014, resultou em absolutamente nada. O desfecho caracterizou a presença do óbvio ululante. 
Pois o que aconteceu no Palácio do Planalto foi exatamente isso: um vazio de ideias e nada mais além das repetições que assinalam os movimentos do poder político. 

Depois de horas, produziu-se um tratado vazio de qualquer conteúdo concreto, e de interesse coletivo.
Por exemplo: o ministro Ricardo Berzoini, chefe da Secretaria de Governo, reclamou do não cumprimento, pelo Planalto, dos acordos firmados nos bastidores para assegurar o apoio de parlamentares que integram a  agora diluída base aliada no Congresso. 

O vice Michel Temer disse que apoiava a manifestação de Berzoini, acentuando que foram fatos assim que o levaram a se afastar do ministério sem pasta criado de fato para desenvolve a articulação política do Executivo no Legislativo.
Quer dizer: troca de nomeações por votos no Congresso. Algo mais grotesco do que ridículo, no fundo da questão. 

Impressionante a presença de tão baixo nível nas articulações, e dos articuladores. Assim é impossível, não se vai a lugar algum. Francamente, é demais.

CANETA MÁGICA

Nenhuma matéria efetivamente importante foi alvo de qualquer análise ou debate mais sério. 
Se a caneta mágica da presidência tivesse o poder de por si só resolver todos os desafios e remover os obstáculos com os quais se defronta o país, o governo não teria razões de se preocupar com seu destino, com o desfecho da atual crise brasileira.

Suas razões (as da crise) são mais profundas. O problema essencial vem da falta de sintonia de Dilma Rousseff com a população, portanto com a consciência pública. 
Porque, na verdade, ninguém consegue governar sem a opinião pública. Esta, como o Datafolha e o Ibope vêm revelando, rejeita maciçamente a administração federal.

Sem pelo menos reduzir fortemente esse quadro de indisposição coletiva, a atual presidente não conseguirá livrar-se do maremoto, fruto da incompetência, e estabilizar sua viagem até a sucessão de 2018. 
Três anos passam depressa, porém na política são uma eternidade. Tudo é relativo. Como aliás, os impulsos humanos confirmam. Só Deus é absoluto.

11 de outubro de 2015
Pedro do Couto

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