Já tive oportunidade de dizer aqui que “tenho a fé fraca da conveniência”. E que não sei se creio em Deus por amor ou medo. Quem sabe os dois juntos? Sou cartesiano, daí a dúvida: acredito, duvidando… Não sei por que sou assim, já que nasci em lar católico, até demais. Mamãe não fez outra coisa na vida a não ser rezar e cuidar da família, os quatro filhos e o marido, meu pai, também chamado, lá em Salinas, de “pai dos pobres”. Fui aluno interno, a partir dos 9 anos, no Instituto Padre Machado, colégio do maior educador católico do Brasil, o professor Antônio de Lara Resende (pai, entre outros, do falecido Otto e do Acílio, também colunista de O Tempo). Quando criança, falava em ser papa, só para poder mandar nos padres e nas freiras, o que eu pensava ser bom.
Todavia, quis o destino que eu, depois de formado em direito, enveredasse pela política, e foi aí que vi o que é bom pra tosse… Aos 50 anos, resolvi viver outra vida e fui cuidar da fazenda que eu havia adquirido com financiamento da Sudene, nas barrancas do Velho Chico, até que, oito anos depois, fui conduzido ao Tribunal de Contas do nosso Estado, por convite do governador e amigo Hélio Garcia.
Titulei esta matéria “o fim do mundo” e creio não estar exagerando, tamanha a ladroagem que anda acontecendo em nosso país. Depois do PT, roubaram e carregaram nossa brasilidade. Os jornais dizem que o governador Aécio Neves usou o avião do governo 124 vezes para passar fins de semana no Rio de Janeiro. É muito? Eu acho. E o que dizer do ex-Luiz, que comprou um avião por milhões de dólares e saiu pelo mundo em busca do Nobel da Paz, num caipirismo esperto, tal qual um bobo da corte? Sim, uma desgraça não justifica a outra, é verdade. Mas não é ilegal, nem para um, nem para o outro. É imoral para os dois, já que nem tudo que é legal é moral, e vice-versa.
UMA ÚNICA VEZ
Esses procedimentos deveriam servir para nortear nossos votos em eleições futuras. Em 20 anos como deputado, viajei por conta da Assembleia uma única vez, em companhia de Jorge Vargas, Jorge Ferraz, Cícero Dumond e Bonifácio Andrada, compondo comissão que foi ao Ministério do Interior, ainda no Rio, para cuidar de questão de grande relevância para nosso Estado.
A maioria dos homens públicos do Brasil tem mania de viajar por conta do povo. Agora mesmo, o presidente do TCE-MG, conselheiro Sebastião Helvécio, está em Boston, em “vilegiatura”. Aliás, esse conselheiro, que, em tempos bicudos como os que vivemos, vai construir mais um prédio no TCE (para ser sede de congressos internacionais), já deve ter viajado pelos quatro cantos do mundo, sempre de primeira classe e com diárias nunca inferiores a US$ 500…
Pois é, dinheiro para o aumento dos servidores em suas datas-base ou para a correção das URVs vencidas há mais de dez anos, nem pensar, mas andar pelo mundo à custa do Estado… O cara, além de folgado, se acha… Isso é ou não é o fim do mundo?
É preciso ter paciência de Jó e saco de Papai Noel…
03 de outubro de 2015
Sylo CostaO Tempo
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