"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de outubro de 2015

DILMA: GUERRA NA HORA ERRADA, NO LUGAR ERRADO CONTRA UM INIMIGO ERRADO



Raras vezes se tem visto reforma ministerial tão pífia como a que vai se completando. Dos ministros que entram, não se tinha notícia, senão que integravam o baixo clero da Câmara dos Deputados. Dos que estão sendo remanejados, pouco ou nada deixaram nas posições iniciais, fora a saraivada de críticas desencadeada sobre Aloizio Mercadante pelos próprios companheiros. Se era para a presidente Dilma neutralizar os temores do impeachment desenvolvidos pela turma do Eduardo Cunha, precipitou-se. Tivesse esperado alguns dias e estaria assistindo o desmonte do presidente da Câmara, a partir do terremoto com epicentro na Suiça. E o óbvio enfraquecimento da proposta de sua defenestração.
Se o objetivo da reforma era para enfrentar a crise econômica, trocou o seis por meia dúzia. Tanto os novos ministros, quanto os que trocaram de lugar, carecem de competência para liderar agendas positivas capazes de afastar a sombra das profundezas econômicas. Como vão fazer aquilo que Joaquim Levy não fez até agora?
O PMDB ganhou o jogo sem jogar. Perto de Eduardo Cunha ser expulso de campo, seu time saído do banco de reservas levanta a taça, na medida em que mais se aproveitará das benesses do poder. O vácuo agora deixado e ampliado por Dilma favorecerá Michel Temer, feliz com a frustração do PT por não ter resistido um pouco mais. Até o Lula estará arrependido por haver aconselhado a sucessora a salvar a Presidência entregando os ministérios.  Salvo inusitados ou fatos novos, a presidência já estava salva e muitos ministérios, perdidos.
Circula em Brasília a versão de que Dilma se afastará do trivial do governo para dedicar-se a altas questões, como a Política Externa e a Defesa, quer dizer, à arte de enxugar gelo e ensacar fumaça.  Fica, no entanto, a dúvida: quem comandará o time? Jaques Wagner? Ricardo Berzoini? Ou o Lula? O problema é que, assim como os demais companheiros, ele já começa o segundo tempo perdendo de goleada.
Em suma, para o PT e para a presidente, uma guerra travada na hora errada, no lugar errado, contra um inimigo errado. Satisfeitos estão os tucanos, que do ninho privilegiado assistem a derrota adversária sem disparar um tiro. Coisa que acirra os ânimos e afia os bicos, pois entrou uma penosa a mais na disputa: além de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, Álvaro Dias está no páreo.

03 de outubro de 2015
Carlos Chagas

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