"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

PMDB AMEAÇA SAIR, MAS TRÊS ANOS FORA DO PODER SÃO UMA ETERNIDADE


A repórter Júnia Gama, O Globo edição de segunda-feira, revela a indecisão que envolve o PMDB de decidir deixar o governo Dilma Rousseff, de imediato, ou se espera dando tempo ao tempo, como se dizia antigamente, frase aliás que atravessa os séculos sem perder a atualidade. Serve a todas as épocas, como o PMDB a todos os governos. Júnia Gama deixa claro, a meu ver, que a legenda vai adotar a segunda opção. Tanto assim que adiou para 15 de novembro o encontro nacional organizado pela Fundação Ulisses Guimarães para tratar do assunto.
Sinal de que vai permanecer com os ministérios que possui até o máximo possível. Michel Temer sabe que ficar três anos longe do poder constitui uma eternidade. Sobretudo porque, como dizia Magalhães Pinto, política é como a nuvem. Muda de forma e direção a todo instantes. O ex-governador de Minas Gerais, que em 1960 derrotou Tancredo Neves, disse a frase diante de José Aparecido, de Sebastião Nery, e de mim, olhando para a janela de sua sala de presidente do antigo Banco Nacional que não existe mais. Mas esta é outra questão.
GANHARIA O QUÊ?
O adiamento da reunião coletiva sinaliza que a legenda não se dispõe a deixar o Planalto. Não faria sentido Com isso ganharia o quê? Nada. E, ainda por cima, deixaria o país ingovernável. O PMDB, de fato, basta interpretar bem a entrevista do ex-ministro Moreira Franco a Daniela Lima, Folha de São Paulo também de 21, joga na queda de Dilma Rousseff na hipótese de uma renúncia.
Não através de impeachment. Impedi-lo exigiria o apoio do PMDB e levaria a uma tempestade cujo desfecho institucional tornar-se-ia tão imprevisto quanto arriscado. O poder não pode ficar vago e o impedimento, no fundo, criaria um vazio em Brasília a ser preenchido, além de um recurso de Dilma Rousseff ao Supremo Tribunal Federal, como tentou Café Filho na crise de 55 que terminaria com a intervenção militar do general Teixeira Lott para assegurar o resultado das urnas e a posse de Juscelino na presidência da República a 31 de janeiro de 56.
LABIRINTO
Muito complicado, um labirinto no qual o PMDB não pretende ingressar. Mais lógico permanecer na Esplanada dos Ministérios, apenas ameaçando sair, porém pretendendo ficar, dividindo-se na superfície para, no fundo, renegociar um tipo de apoio que não o afasta abruptamente do voto nas urnas, tampouco do plano alto do Planalto. Será difícil? Certamente que sim. Mas é o único caminho possível, sem trazer consigo o risco de uma explosão.
O PMDB de hoje lembra o PSD de ontem, quando era presidido pelo senador Ernani do Amaral Peixoto. Amaral conhecia bem a política, seus segredos, seus roteiros, suas contradições. O Partido Social Democrático que elegeu Eurico Dutra em 45, e sustentou JK de janeiro  de 56 a janeiro de 61, numa época de alvorada, deixou, sem dúvida, sua marca na história. Era um fator de equilíbrio e estabilidade do poder.
O equilíbrio e a estabilidade foram rompidos em agosto de 61 com a renúncia de Jânio Quadros. Ascensão e queda de João Goulart. Vinte e um anos de ditadura depois.
FORÇA DA INÉRCIA
Por todos esses exemplos, o PMDB não pode romper com Dilma Rousseff. Nem impedí-la, lance que não interessa ao PSDB agora. Com isso, a presidente da República, como escrevi há poucos dias, vai se mantendo pela força da inércia.

25 de setembro de 2015
Pedro do Coutto

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