"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

CÂMBIO FAZ DÍVIDA DA PETROBRAS SUBIR MAIS DE R$ 100 BILHÕES




A disparada do dólar, que atingiu, a maior cotação do Plano Real, agravou ainda mais a situação financeira da Petrobras. Desde junho, a estatal já contabilizou uma alta de cerca de R$ 100 bilhões nas dívidas em moeda estrangeira. Diante do novo patamar do dólar, o endividamento da petroleira pode atingir R$ 513 bilhões ao final de setembro, cifra equivalente a 9,4% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2014.
As estimativas foram feitas pela consultoria Economática, a pedido do Estadão, e considerou a cotação de R$ 4,04 para a moeda americana.
Com mais de 70% de sua dívida em moeda estrangeira, a estatal é extremamente vulnerável à variação cambial. A reação dos mercados, ontem, foi imediata. As ações da Petrobras amargaram os menores preços desde 2004, fechando o pregão da BM&FBovespa com queda de 3,13% nas ordinárias e de 4,52% nas ações preferenciais.
EM ALTA
As projeções sobre o endividamento da estatal consideram a manutenção da moeda americana no patamar médio de R$ 4,04 durante o terceiro trimestre do ano. Nesse caso, a dívida em dólar chegaria a R$ 442,3 bilhões – uma alta de 28% em relação ao último trimestre, quando a estatal contabilizou em seu balanço financeiro uma cotação média do dólar de R$ 3,10.
Confirmadas as estimativas, o endividamento da petroleira acumulará alta de 723% desde dezembro de 2010. Segundo analistas, a explosão da dívida no período decorre da ingerência política na estatal que, para conter a inflação, segurou o reajuste dos combustíveis. Entre 2011 e o meados de 2014, enquanto o consumo de gasolina e diesel crescia e o preço internacional do petróleo subia, a Petrobras era obrigada a importar combustíveis para atender o mercado interno, mas tinha de revendê-los aqui mais baratos, absorvendo a diferença. Para manter investimentos, a empresa recorreu a crédito externo.
POLÍTICA SUICIDA
O analista Flávio Conde, do blog WhatsCall, calcula que de R$ 60 bilhões a R$ 100 bilhões da dívida atual devem-se à política adotada no governo da presidente Dilma Rousseff. “O endividamento é a principal questão da Petrobras há muito tempo, e só tem uma solução, que é um aumento de capital”, pontua o especialista, ressaltando que o momento não é bom para isso.
A empresa negou, reiteradas vezes, a opção por novo aumento de capital e venda de ações. A medida também divide opiniões. “Investidores privados teriam muito receio de colocar mais recursos na empresa com esse histórico de ingerência, corrupção e endividamento. E como um governo endividado, com uma situação fiscal delicada, vai colocar dinheiro?”, questiona Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
Para ele, a alta do dólar pressiona a empresa a adotar uma política mais clara de reajustes, com efetiva paridade com os preços internacionais. Dessa forma, ela poderia ampliar suas receitas com a exportação de combustíveis. “Não levar a cabo a paridade de preços é uma medida suicida nesse momento. Caso haja o compromisso de elevar preços de diesel e gasolina, a alta do dólar se anularia com a melhora das receitas”, avalia.
 (artigo enviado pelo comentarista Guilherme Almeida)

25 de setembro de 2015
Antonio Pita, Vinicius Neder e André Magnabosco
Estadão

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