A crise econômica brasileira vai ser longa. Ao contrário de outros períodos da história, quando o comportamento da economia era revertido em curto prazo, agora a recessão vai esquentar lugar na vida dos brasileiros. A decisão da Standard & Poor’s de tirar do Brasil o grau de investimento (selo de país seguro para os investidores) deve ser seguida por outras agências de classificação de risco
A avaliação é do presidente do Citi no Brasil, Hélio Magalhães. “O resultado nominal das contas públicas, que foi déficit de 6,2% do PIB em 2014, este ano deve chegar a 8,7% do PIB e com a dívida crescendo de 51% para 67% do PIB do ano passado para este”, afirma o executivo.
GESTÃO FISCAL
Para Magalhães, o aspecto positivo do rebaixamento do país está no fato de despertar o governo para a necessidade de ter mais rigor na gestão fiscal (o que explica as medidas anunciadas pelo governo na semana passada).
“O Brasil tem reservas. O problema é a prática de gastar mais do que arrecada, o que deixa o país numa condição de risco maior para os investidores”, afirma o presidente do Citi no Brasil, que passou por Belo Horizonte para uma série de compromissos, no início do mês.
Em entrevista ao Estado de Minas, ele avaliou que a economia brasileira terá queda neste e no próximo ano, mas com a inflação caminhando para o centro da meta.
REBAIXAMENTO
A seu ver, o downgrade (rebaixamento da nota de crédito) do Brasil pela Standard & Poor’s não é uma atitude isolada. “Se você olhar o resultado nominal das contas do governo, incluindo os juros, no ano passado foi negativo de 6,2% do PIB e este ano deve ficar em –8,7%. Então, são três anos seguidos de déficit e as agências olham isto: como está a disciplina fiscal, como estão os gastos e a dívida como está. E a dívida do Brasil está crescendo, ela vai sair de 51% do PIB para 67% neste ano. O Brasil tem reservas, mas o problema é essa prática de gastar mais do que arrecada. Com isso, as agências veem um risco maior para os investidores.
FUGA DE CAPITAL
Os fundos de investidores estrangeiros no Brasil tinham R$ 950 bilhões no Brasil e desse valor, metade está na renda fixa (em títulos do governo) e metade na renda variável (em ações).
“Alguns não vão querer sair para não realizar um prejuízo com a venda dos ativos ao fazer a conversão de real para dólar. Então, tem fundo que não vai sair. Agora, os que forem obrigados a sair vão fazê-lo. Na renda fixa, se 20% dos investidores estrangeiros saírem estamos falando de R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões. Na bolsa é um pouco pior porque quando o capital estrangeiro sai a ação perde valor. Mas se considerarmos que do volume de investimento estrangeiro na bolsa 20% podem sair num movimento rápido, estamos falando de outros R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões. Então, estamos falando de uns R$ 400 bilhões”, assinalou.
(Reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
(Reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
25 de setembro de 2015
Marcílio de MoraesEstado de Minas
Nenhum comentário:
Postar um comentário