"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

EIKE BATISTA TAMBÉM PARTICIPOU DO ESQUEMA



O ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobrás e novo delator da Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, afirmou à Força-Tarefa que a empresa OSX, braço do grupo EBX, de Eike Batista, que atua no setor naval, participou do esquema de pagamentos de propinas na Petrobrás para disputar licitações na diretoria Internacional da estatal petrolífera. O delator, contudo, disse não ter conhecimento se Eike sabia do esquema.
Segundo Musa, em 2012, quando já havia deixado a estatal e trabalhava como diretor de construção naval da OSX, a licitação para as contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX. O consórcio acabou vencendo a licitação de mais de US$ 900 milhões na época.
Os pagamentos teriam sido feitos a João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB no esquema de corrupção na estatal, em troca de informações privilegiadas sobre a licitação e foram negociados em reuniões entre representantes das duas empresas do consórcio.
PAGANDO PROPINA
De acordo com o delator, o CEO da OSX Luiz Eduardo Carneiro chegou a participar de um dos encontros e tinha conhecimento do esquema. O delator também afirmou que Luiz Eduardo Carneiro mantinha contato com Eike, mas disse aos investigadores que não poderia confirmar se o dono do grupo EBX tinha conhecimento do esquema na Petrobrás.
Em um destes encontros, relata, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mendes Jr, Luiz Cláudio Machado Ribeiro “trouxe a informação que o consórcio teria que pagar propina para o lobista João Augusto Henrique que, em troca, forneceria informações privilegiadas de dentro da Petrobrás para orientar a formação da proposta técnica”, disse aos investigadores da Lava Jato.
De acordo com Eduardo Musa, o valor acertado no encontro foi de R$ 5 milhões. O delator não soube explicar como foram feitos os pagamentos, mas admitiu que João Henriques tinha relação com o PMDB e influenciava na Diretoria Internacional, tendo atuado para indicar o ex-diretor Jorge Luiz Zelada, que ficou no cargo de 2008 a 2012, e outros executivos da área.
NA SEDE DA OSX
Outro encontro entre os representantes da empresa que sabiam do esquema teria ocorrido na sede da OSX, no Rio de Janeiro, e, segundo o delator, as informações privilegiadas “eram trazidas por Luiz Cláudio (da Mendes Jr), de forma verbal e consistiram em saber:
1) Quem eram os concorrentes mais importantes, que eram Jurong Kepel Fells, Engevix e outro consórcio que o declarante não se lembra o nome; 2) informação sobre estimativa de preços que deveria ser apresentada pelo consórcio; 3) viabilidade do canteiro de obras (tinha que ser um lugar que a Petrobrás aprovasse); 4) estratégia da comissão de licitação, que consistia saber o que eles iriam pedir, como por exemplo as informações complementares que seriam solicitadas pela comissão, possíveis alterações no cronograma, dentre outras coisas”.
ENCONTROS PESSOAIS
Ainda segundo Musa, o executivo da Mendes Jr se encontrou pessoalmente com João Henriques durante “todo o ano de 2012″ para obter as informações privilegiadas.
Eduardo Musa disse ainda que depois de deixar a OSX, em maio de 2012, foi informado por Luiz Cláudio que “João Augusto Henriques estaria insatisfeito com o não recebimento de propinas e que ele estaria fazendo cobranças”. O delator, contudo, não soube dizer quanto efetivamente foi pago de propina ao lobista do PMDB.

25 de setembro de 2015
Mateus Coutinho e Ricardo Brandt
Estadão

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