É impressionante, massacrante e humilhante a tortura que a força-tarefa está infringindo ao Planalto, ao PT e ao Instituto Lula. A cada dia surgem novas denúncias de escândalos, que vão se espalhando para outras áreas do governo, de uma forma inexorável.
Não há como responder às acusações, a presidente Dilma Rousseff limita-se a repetir que o combate à corrupção é uma das prioridades do governo, suas declarações são patéticas.
Pode-se dizer, sem medo de errar, que nunca antes, na História da Humanidade, um grupo político tenha sido sendo retirado do poder mediante tamanho volume de acusações.
A única comparação possível é a célebre operação Mãos Limpas, que estremeceu a Itália na década de 90, ao devassar um número enorme de casos de corrupção na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano, com investigações que implicaram o Banco do Vaticano e a poderosa Loja Maçônica P2.
A operação Mãos Limpas mostrou também o envolvimento da Máfia com a política e levou ao fim a chamada Primeira República Italiana, com extinção de alguns partidos políticos. Detalhe importante: houve políticos e industriais que cometeram suicídio quando os seus crimes foram descobertos, algo inimaginável que possa acontecer aqui no Brasil.
AQUI A MÁFIA É DIFERENTE
O juiz federal Sergio Moro já declarou que sua atuação é inspirada justamente na operação Mãos Limpas, conduzida por dois magistrados italianos – Paolo Borsellino e Giovani Falcone, ambos mortos em atentados cometidos pelo chamado ramo corleonês da Máfia.
A sorte do juiz Moro é que aqui no Brasil nossa versão da Máfia é muito menos violenta e o crime organizado não tem a mesma ligação direta com a política. Portanto, as investigações da força-tarefa (Polícia Federal e Ministério Público) tendem a se limitar às íntimas e ilegais relações existentes entre governantes, parlamentares, autoridades públicas e grandes empresários, sem extrapolar para o campo do crime organizado propriamente dito.
No caso da operação Lava Jato, a cada dia aumentam as denúncias, surgem novos focos de corrupção, é um nunca-acabar. Já ficou claro que a corrupção à brasileira é toda encadeada. A investigação começou num simplório posto de gasolina em Brasília (daí o nome Lava Jato), chegou ao doleiro Alberto Youssef em Curitiba e não parou mais de se espalhar.
Agora, está chegando às conexões com a Ferrovia Norte-Sul, a hidrelétrica de Belo Monte e a Receita Federal. Na interminável fila, aguardam apuração o BNDES, os Fundos de Pensão, as estatais da energia, com destaque para a Eletrobras, o chamado Sistema S (braço social do empresariado), as agências reguladoras e tudo o mais.
Portanto, não é sem motivo que a Polícia Federal esteja solicitando ao Supremo Tribunal Federal uma extensão do prazo legal para concluir os inquéritos ligados à corrupção da Petrobras.
NOVAS DELAÇÕES
As investigações da força-tarefa vão se aprofundar ainda mais a partir de agora, porque são esperadas novas delações premiadas de importantes personagens envolvidos no esquema de corrupção.
Um dos principais é o ex-deputado federal André Vargas, que não esconde se sentir abandonado por seu antigo partido, o PT, que o obrigou a se desfiliar quando foi revelada sua ligação com o doleiro Youssef. Vargas diz que agora o PT está abandonando o tesoureiro João Vaccari Neto e vai fazer o mesmo com todos os petistas que se envolveram diretamente na corrupção.
Outro réu que deve fazer delação premiada é o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, que já está cumprindo por participação no mensalão. O advogado Clóvis Corrêa Filho, que é primo do ex-deputado e o defende em juízo, já afirmou que as provas contra Corrêa são irrespondíveis. “Não tem como fugir da Justiça, as provas são contundentes. Defendo que ele faça a delação para contribuir com o aperfeiçoamento do processo democrático”, disse o advogado.
Muitos outros envolvidos estão dispostos a fazer a delação premiada, o que vai agravar a tortura infringida ao governo.
A cada dia, o desespero aumenta, não existe luz no final da escuridão e daqui para a frente a situação só tende a piorar, e não tem marqueteiro que dê jeito. Com dizem os árabes, estava escrito.
14 de abril de 2015
Carlos Newton
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